O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) está a investigar a origem do sismo de magnitude 4.7 na escala de Richter com epicentro a cerca de 14 quilómetros a oeste–sudoeste do Seixal, seguido de duas réplicas com magnitudes 2.4 e 1.7.

O abalo foi sentido com intensidade máxima de V na escala de Mercalli em Sintra (Lisboa) e Almada (Setúbal) e com menor intensidade nalguns concelhos da região Centro ao Algarve, enquanto a réplica mais forte terá sido sentida com intensidade máxima III, de acordo com os questionários recolhidos pelo IPMA.

O que está na origem deste sismo? A “complexa geologia e as estruturas geológicas da região grande Lisboa”, incluindo no oceano, formada há milhões de anos com influência de um vulcão.

“Em traços gerais, trata-se de uma área com terrenos de rochas sedimentares do Jurássico e do Cretácico (145 a 92 milhões de anos) aos quais se sobrepôs o evento vulcânico que originou o Complexo Magmático de Sintra e o Complexo Vulcânico de Lisboa, estes com cerca de 90 milhões de anos”, explica o IPMA em comunicado.

“No Cenozóico depositou-se o complexo sedimentar continental do Paleogénico (50 a 30 milhões de anos) e os sedimentos essencialmente marinhos do Miocénico (25 a 10 milhões de anos). O complexo sedimentar de idade Pliocénica e Quaternária (5 a 0 milhões de anos) é essencialmente continental, arenoso-cascalhento, com unidades marinhas pouco profundas, fluviais e dunares.”

É neste contexto geológico que, resultado de uma tectónica compressiva, foram formadas as serras de Sintra e da Arrábida, assim como outras menores na região de Lisboa.

Esta tectónica afetou a toda a Península Ibérica, dando origem cordilheiras dos Pirenéus, Sistema Central e Bética.

Onde ocorreu o sismo? "Na área onde ocorreu o sismo de 17 de fevereiro, estudos identificaram a presença de numerosas falhas, em particular perto do litoral da Fonte da Telha, na Península de Setúbal", aponta o IPMA.

Existem nesta zona duas grandes unidades estruturais resultantes da tectónica compressiva já mencionada: a “Cadeia da Arrábida” a sul, e o “Sinclinal de Albufeira”, a norte.

“A hipótese mais consensual é que o sismo de 17 de fevereiro resultou de uma falha formada paralelamente à estrutura da ‘Cadeia da Arrábida’”.

Isso mesmo apontam o dados recolhidos durante o sismo, mas continuam a ser analisadas outras hipóteses relativas à origem deste sismo, ressalva o IPMA.

Segundo a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).