O mundo despediu-se este sábado de um dos mais marcantes líderes da igreja católica das últimas décadas. O funeral do Papa Francisco decorreu esta manhã no coração do Vaticano. A cerimónia foi seguida ao vivo por dezenas de chefes de estado e de Governo.

Foi também acompanhada de perto por dezenas de milhares de pessoas que encheram por completo a praça de São Pedro, na mais pequena cidade-estado do mundo.

Mundo despediu-se de um líder marcante

Os sinos da Basílica de São Pedro marcaram a saída da urna para o exterior. O coro da capela Sistina, o início da cerimónia. Na praça de São Pedro e nas imediações, um mar de gente feito de leigos e religiosos; altos dignitários ou simples admiradores.

Giovanni Battista - o cardeal que representa todo o colégio cardinalício - teve a missão de celebrar a missa. Dirigiu-se ao mundo em italiano, celebrou a missa em latim, mas abriu espaço para outras vozes e línguas. Do árabe ao mandarim, do alemão ao português.

Frente à Basílica, uma urna de madeira revestida a zinco, tal como Francisco tinha determinado quando pediu um funeral mais simples e abdicou dos três caixões como é habitual nos funerais de chefes de estado do Vaticano e de líderes da igreja católica.

“Uma casa com as portas sempre abertas”

E tal como defendeu em vida, também no momento da despedida voltou a haver espaço para todos. Incluindo para aqueles que um dia se referiram a ele como "imbecil", como o compatriota Javier Milei, presidente da Argentina.

O final das exéquias marca o início a nove dias de luto oficial, com missas diárias em homenagem ao homem que preferiu somar em vez de dividir. Do coração do Vaticano, onde passou mais de uma década, partiu para a última morada que ele próprio escolheu. Decisão que voltou a quebrar séculos de protocolo.

Papa definiu em vida detalhes do funeral

Sem pessoas a pé a acompanhar os carros, a urna de Francisco saiu pela porta mais próxima da Casa de Santa Marta, onde morreu, e percorreu locais icónicos de Roma, como a Praça Veneza, o Fórum Imperial e o Coliseu, deixando a Praça de São Pedro e a Via della Conciliazione, fora deste percurso.

O caixão do Papa foi visível a quem acompanhou o cortejo, nas ruas. Durante perto de meia hora foram percorridos cerca de 5,5 km. O cortejo terminou na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, onde será sepultado Francisco.

É, assim, o primeiro Papa, em mais de 120 anos, a ser enterrado fora do Vaticano,depois de Leão XIII, em 1903.

Francisco esteve 126 vezes na Basílica de Santa Maria Maior

Foi essa a vontade expressa pelo Pontífice numa carta escrita em junho de 2022. No manuscrito, explicou que confiou a vida, o ministério sacerdotal e episcopal a Maria e, nesse sentido, pediu para repousar à espera da ressurreição, na Basílica de Santa Maria Maior, onde esteve 126 vezes, durante o Pontificado.

Francisco não quis, no entanto, que o túmulo fosse colocado na capela da 'Salus Populi Romani', para evitar que os peregrinos se distraíssem enquanto rezassem à Virgem Maria. O nicho da nave lateral entre a Capela Paulina e a Capela Sforza, junto ao altar de São Francisco, foi o local escolhido pelo Papa.

A esperá-lo, na escadaria da Basílica, estiveram reclusos, pobres, migrantes, transexuais e sem-abrigo, excluídos da sociedade, com uma rosa-branca nas mãos. Um grupo convocado pela Conferência Episcopal Italiana, por refletir a devoção de Francisco aos pobres e oprimidos, durante o Pontificado.