"O Sudoeste já atravessou gerações no concelho de Odemira, tem a sua marca, a sua relevância no território. E esperamos que a empresa que o organiza tenha feito esta pausa porque assim o entendeu, mas que encontre, e encontremos se calhar em conjunto, soluções de futuro", disse hoje à agência Lusa o autarca.

Por se tratar de um festival que, desde o arranque, em 1997, teve "um forte impacto" na economia da Zambujeira do Mar, na freguesia de São Teotónio, e "na promoção e divulgação" do concelho de Odemira, no distrito de Beja, Hélder Guerreiro mostrou-se expectante em relação a um possível regresso.

"A nossa expectativa é essa, mesmo que o festival se transforme, porque na vida as coisas transformam-se e mudam e, às vezes, até produzem tendências e é importante lembrar que o festival Sudoeste marcou e construiu uma nova época de festivais no território", salientou.

Por isso, o autarca disse esperar que a empresa promotora do festival, Música no Coração, "possa encontrar soluções" que apontem para "uma nova marca e inovação em termos de festivais no território".

"Falámos sobre esse assunto e a expectativa conjunta é de que de facto possamos voltar a ter o festival Sudoeste no nosso território", assegurou.

O festival Sudoeste não se irá realizar este ano, de acordo com uma nota na página do evento na rede social Instagram, onde é explicado que a pausa será para preparar "um novo capítulo".

Numa ronda efetuada pela Lusa junto de comerciantes e residentes na aldeia turística de Zambujeira do Mar, que conviveu durante anos com este festival de música, o sentimento divide-se entre quem vê com bons olhos esta pausa e os que estão preocupados com a economia local.

O festival "era bom porque atraía mais pessoas, principalmente, jovens" e, nesse período, "faturávamos muito", disse hoje à Lusa Hélder Alão, proprietário de um restaurante perto do centro da aldeia, que disse temer "alguma quebra" nas vendas com a pausa anunciada na 1.ª quinzena de agosto deste ano.

Mas há quem considere que a ausência do festival vai ser, este ano, "positiva para o turismo" e uma oportunidade para atrair "outros clientes" para a região, como é o caso de Rosa Messias, proprietária de um alojamento na Zambujeira do Mar.

"As famílias, em vez de virem de férias nessa altura, acabavam por escolher outras zonas por causa do festival e da confusão que se criava à sua volta", lembrou.

Para João Simões, morador na Zambujeira do Mar há 17 anos e um dos festivaleiros do Sudoeste, o certame "não tem funcionado muito bem", porque "os miúdos têm tudo" no recinto e deixaram "de consumir" nos cafés e na restauração da localidade.

"E aquelas pessoas que vinham para a Zambujeira do Mar, que alugavam as casas e utilizavam a restauração, afastaram-se", lamentou.

Por seu lado, Augusto Ferreira, proprietário de uma padaria na Zambujeira do Mar, recordou à Lusa que, no início, o certame trouxe "muito trabalho" aos comerciantes. Mas, com o passar dos anos, passou a ser batizado como "o festival da coca-cola e do bitoque", afastando o "turismo de qualidade" na 1.ª quinzena de agosto.

No início, nos dias do festival, o padeiro "chegava a fazer entre 10 a 12 massas cada uma para 130 pães alentejanos", mas ultimamente o cenário era outro.

"Já não compravam praticamente pão. Enchiam os restaurantes durante uma hora ou duas para comerem bitoques e bifanas e iam embora", relatou.

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