Uma década depois de ter sido detido no âmbito da “Operação Marquês”, o antigo primeiro-ministro socialista José Sócrates insiste na sua inocência e culpa o Estado pela demora na resolução do caso. Em entrevista ao início da noite desta quinta-feira à CNN Portugal, José Sócrates disse que “foi uma violência, um abuso, prenderem-me sem nenhuma necessidade para isso”. E garantiu: “Nove dos dez anos do processo são da inteira responsabilidade do Estado judiciário.”
Para o antigo político, “foi uma conspiração, uma golpada política”, ou seja, “a motivação foi impedir o PS de ganhar as Legislativas em 2015 e evitar a minha candidatura à Presidência da República”. Por isso, reitera: “Sou inocente e todas as acusações são falsas e injustas.”
Confrontado com a afirmação dos juízes sobre o “carrossel de recursos” na “Operação Marquês”, José Sócrates recordou que o “o direito ao recurso é constitucional” e que “só um dos recursos apresentados teve efeito suspensivo, contra a pronúncia do juiz Ivo Rosa”. Agora garante que “o Tribunal da Relação quer forçar o início do julgamento”. E, afirma, a existência de “manobras dilatórias é uma campanha que dura há um ano”.
Na entrevista, José Sócrates afirmou mesmo que em 2017 colocou uma ação contra o Estado por morosidade “e não aconteceu nada”. “Cada vez que ganho há uma nova acusação, uma acusação que sofre metamorfoses. O Estado português já me acusou três vezes.”
Os juízes apontam já custas de tribunal no valor de 24 mil euros e José Sócrates diz que “é uma maluquice”.