A morte a tiro foi confirmada à agência de notícias France-Presse pelas autoridades locais, que não forneceram mais detalhes até ao momento.

O tiroteio mortal ocorreu perto da capital, Nouméa, no setor de Saint-Louis, um reduto do movimento pró-independência, onde a polícia realiza há várias semanas operações para tentar deter 11 pessoas acusadas de disparar contra as forças de segurança.

A morte causou confrontos, esta manhã (hora local), entre a população local e a polícia, que disparou gás lacrimogéneo.

Desde 13 de maio que a Nova Caledónia atravessa uma grave crise, com os protestos contra uma reforma eleitoral, entretanto retirada pelo Governo central francês a degenerarem em tumultos que destruíram o tecido económico do arquipélago e causaram prejuízos de pelo menos dois mil milhões de euros.

Embora a tensão tenha diminuído significativamente desde meados de julho, o sul de Grande Terre, a ilha principal do arquipélago, ainda é inacessível por estrada.

A polícia bloqueou por completo seis quilómetros de estrada devido à insegurança que reina no setor de Saint-Louis. Apenas os serviços de emergência e ambulâncias podem atravessar a zona.

Em quatro meses, a polícia estimou ter sido alvo de mais de 300 tiros em Saint-Louis.

Devido ao encerramento da estrada, as 1.200 pessoas que vivem na zona só podem entrar e sair a pé e depois de apresentarem um documento de identidade aos agentes da polícia em passagens situadas no norte e sul da zona.

Em 29 de agosto, o movimento pró-independência da Nova Caledónia perdeu a presidência do Congresso, após Roch Wamytan, um político há muito no ativo, ter sido surpreendentemente derrotado por uma candidata de um pequeno partido.

O Congresso da Nova Caledónia, composto por 54 membros eleitos por cinco anos, é a assembleia deliberativa deste arquipélago de cerca de 270 mil habitantes, situado a 17 mil quilómetros de Paris e empenhado, desde 1998, num processo de emancipação da tutela francesa.

Esta assembleia elege o governo da ilha e aprova leis num vasto leque de domínios, incluindo a fiscalidade, a educação, a saúde, o ambiente e o direito do trabalho.

Roch Wamytan, de 73 anos, membro pró-independência da União Caledónia, tinha sido reeleito para a presidência todos os anos desde 2019. Mais uma vez, este ano, ficou bem à frente na primeira volta da votação.

Mas, na segunda volta, os candidatos não independentes transferiram os votos para a representante do partido Véu Oceânico Veylma Falaeo, levando-a à liderança do Congresso, com 28 votos em 54.

O partido foi criado em 2019 para defender os interesses dos 22 mil cidadãos naturais de Wallis e Futuna, outro território francês no Pacífico.

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