Os primeiros 100 dias do segundo mandato presidencial de Donald Trump foram marcados por um número sem precedentes de ordens executivas e decisões polémicas. A taxa média de aprovação é de 45%, superior aos 41% obtidos no primeiro mandato, mas abaixo de Biden (53%) e da média dos presidentes de 1952 a 2020 que é de 60%.

Na terça-feira, dia em que se assinala a data, Trump vai estar num comício em Macomb, a norte de Detroit, conhecido como um centro da indústria automóvel, anunciou a Casa Branca nas redes sociais.

Assinalar os primeiros 100 dias de um Governo tornou-se uma tradição consagrada em Washington, um marco tradicional no início do mandato em que o progresso de um presidente é medido em relação às promessas de campanha.

Trump tem tentado cumprir o máximo de promessas ao longo deste período, muitas delas sem comparação na história do país e que o obrigaram a uma batalha com o poder judicial. Um dos grandes falhanços é o fim da guerra na Ucrânia. Segundo analistas, Trump - ao contrário do antecessor Joe Biden - tem delineado uma solução que favorece amplamente a Rússia.

Entre a deportação de ativistas pró-palestinianos e uma guerra comercial desencadeada com a imposição de tarifas alfandegárias a quase todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos, seguem os números dos primeiros 100 dias:

Andrew Harnik

Número de ordens executivas assinadas: 130

Donald Trump assinou ordens executivas a um ritmo sem precedentes na história moderna norte-americana.

Ordens executivas são diretivas presidenciais que não exigem aprovação do Congresso e têm força de lei se o tópico da ordem estiver sob a autoridade constitucional do chefe de Estado.

Algumas destas ordens, como acabar com a cidadania por direito de nascimento ou congelar a maioria da ajuda externa norte-americana, foram suspensas por juízes por as considarem abuso do poder executivo.

Uma grande parte está relacionada com reduções de apoios do Governo federal.

Trump usou este poder para desregulamentar o uso de combustíveis fósseis, travar a imigração ajustar tarifas sobre importações.

Projetos de lei aprovados: cinco

Trump ratificou apenas cinco projetos de lei até agora: três resoluções da Lei de Revisão do Congresso, que anulam regulamentações do ex-presidente Joe Biden, a Lei Laken Riley, que determina a detenção de imigrantes ilegais acusados de crimes graves, e um projeto de lei de financiamento provisório necessário para evitar uma paralisação do Governo no mês passado.

Pela primeira vez desde 2017, o Partido Republicano controla a Casa Branca e as duas casas do Congresso, o que, teoricamente, abriria caminho para uma série de possíveis vitórias legislativas.

Pool

Ordens de Joe Biden que foram revertidas: 97

Em apenas dois meses, Trump revogou mais ações executivas do que o número total de ordens executivas que Biden assinou no primeiro ano de mandato. O anúncio foi feito pela Casa Branca no mês passado.

A Presidência norte-americana justificou essa revogação como uma medida necessária "para acabar com a ideologia radical, eliminar regulamentações desnecessárias e priorizar os interesses dos cidadãos americanos", inaugurando assim uma "nova era de ouro para os Estados Unidos".

As revogações abrangeram desde regulamentações destinadas a reduzir os custos de assistência médica até às proteções contra discriminação de género, passando por ordens executivas relacionadas às mudanças climáticas.

Taxa de aprovação: 45%

Donald Trump termina o primeiro trimestre do segundo mandato com uma taxa média de aprovação de 45%, superior aos 41% obtidos no primeiro mandato, "mas bem abaixo de todos os outros Presidentes eleitos nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial", indica uma sondagem da Gallup, empresa norte-americana de pesquisa de opinião.

Em termos de comparação, Joe Biden teve 53% de aprovação no primeiro trimestre na Casa Branca.

A taxa média do primeiro trimestre para todos os Presidentes eleitos de 1952 a 2020 é de 60%.

Desemprego: 4,2%

Em março, o mercado de trabalho dos Estados Unidos permaneceu sólido, com 228.000 postos de trabalho criados, acima dos 117.000 em fevereiro e melhor que a estimativa dos analistas de 140.000 empregos, indicou o Departamento de Estatísticas do Trabalho.

Contudo, a taxa de desemprego subiu para 4,2%, acima da previsão de 4,1%, uma vez que a taxa de participação na força de trabalho também aumentou.

A Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo, contestou os cortes e a tentativa de ingerência da Administração Trump
A Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo, contestou os cortes e a tentativa de ingerência da Administração Trump Nicholas Pfosi/Reuters

Taxas alfandegárias: 145% à China

Um cenário de grande incerteza instalou-se no país, depois das tarifas alfandegárias anunciadas por Trump no início do mês aplicada à generalidade dos seus parceiros comerciais, o que fez intensificar os temores de que uma guerra comercial global possa prejudicar o crescimento económico norte-americano e afetar vários indicadores económicos do país. A taxa mais elevada foi imposta à grande rival China, no montante de 145%.

Imigrantes em centros de detenção: 47.928

Os Estados Unidos têm em marcha um plano para executar "a maior deportação em massa da história", prometeu Donald Trump.

Uma das etapas do processo passa pela detenção de alguns desses imigrantes e pelo encaminhamento para centros de detenção do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), onde aguardam pela eventual deportação.

A televisão NBC News contou, até 16 de abril, 47.928 imigrantes detidos em instalações do ICE.

Desse total, 30,5% tinham condenações penais, 23,1% acusações criminais pendentes, 46,4% violaram as leis de imigração do país, mas não tem qualquer condenação criminal ou acusações criminais pendentes registadas, e 10,4% foram encaminhados para deportação rápida.

O número de deportados não é divulgado regularmente ao público. Contudo, a NBC News indicou que o ICE deportou cerca de 11.000 migrantes em fevereiro e mais de 12.300 em março.