A Comissão Europeia está a atribuir telemóveis e computadores portáteis descartáveis a comissários e funcionários que tenham de viajar para os Estados Unidos da América. O objetivo é evitar o risco de espionagem, avança o jornal Financial Times.

Em causa estão equipamentos pré-pagos, que não permitem a identificação ou acesso a informação pessoal dos utilizadores.

De acordo com a publicação, estes equipamentos eram, normalmente, utilizados apenas em viagens a lugares como a China e a Ucrânia - por receio dos espiões chineses e russos -, mas estão agora também a ser usados quando há deslocações a território norte-americano.

A medida vai ser posta em prática já na próxima semana, com as viagens de comissários e funcionários da Comissão Europeia para participar em reuniões no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial, instituições que ficam em solo norte-americano.

Uma das comissárias europeias que participará nestas viagens de trabalho e que deverá usar os equipamentos descartáveis será mesmo a portuguesa Maria Luís Albuquerque, responsável pela pasta dos Serviços Financeiros. A ela juntam-se o comissário da Economia, o letão Valdis Dombrovskis, e o comissário das Parcerias Internacionais, o checo Jozef Síkela.

Segundo estas fontes, todo o pessoal que viaja para território norte-americano foi ainda aconselhado a desligar os telemóveis na chegada à fronteira e a colocá-los em mangas especiais, para ficarem protegidos do risco de espionagem.

Comissão confirma atualização de recomendações

Oficialmente, a Comissão Europeia não referiu o uso de telemóveis e computadores descartáveis, mas confirmou que atualizou recentemente as recomendações de segurança para viagens aos Estados Unidos da América - onde o controlo de fronteiras, nos aeroportos, pode revistar os equipamentos tecnológicos dos viajantes (sendo queter conteúdo anti-Trump nos mesmos já levou a que cidadãos europeus fossem impedidos de entrar no país).

A nova precaução é um sinal do modo como se têm deteriorado as relações entre a União Europeia e os Estados Unidos da América, desde o regresso de Trump à presidência. Ao mesmo tempo, a nova administração tem-se aproximada cada vez mais da Rússia.

“[Os responsáveis em Bruxelas] estão preocupados que os Estados Unidos entrem nos sistemas da Comissão”, revela uma fonte citada pelo Financial Times.

“A aliança transatlântica está acabada”, conclui outra fonte, em declarações ao jornal.