"As pessoas estão a tentar fazer um aproveitamento político da situação, procurando deitar as culpas ao Xanana. As pessoas ocorrem sempre a ele em grandes números e isso não é culpa dele", disse à Lusa o chefe da bancada do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Duarte Nunes.
"Não há aqui qualquer aproveitamento para campanha, como alguns andam a dizer", afirmou.
Duarte Nunes insistiu que os ajuntamentos de muitas pessoas não são culpa do antigo Presidente timorense Xanana Gusmão, mas uma resposta natural da população, especialmente dos mais jovens.
"Xanana Gusmão é uma figura pública. Sai quando tem necessidade de tratar de algumas coisas, mas quando aparece há sempre uma multidão que se junta e quer estar com ele", afirmou.
"Assim que reconhecem o carro dele, juntam-se e isso torna-se difícil de controlar. Há quem ache que é ele próprio que faz isso, mas ele não tem essas intenções", reiterou.
O comentário de Duarte Nunes surgiu na sequência da divulgação nas redes sociais de imagens de Xanana Gusmão, sem máscara e com um grande ajuntamento de pessoas numa rua de Díli.
As imagens suscitaram um amplo debate público, com responsáveis timorenses ouvidos pela Lusa a manifestarem preocupação por não estarem a ser cumpridas as medidas de confinamento obrigatório devido à covid-19 e pela mensagem que essas ações podem passar à população.
Duarte Nunes rejeitou qualquer tentativa de aproveitamento público, acrescentando que, desde o início da pandemia e apesar de estar fora de qualquer cargo oficial, Xanana Gusmão mostrou-se "disponível para colaborar no combate à covid-19", algo que as autoridades "nunca quiseram aproveitar".
"Ele mostrou sempre a vontade de colaborar. Mas nunca ninguém o contactou para pedir o seu apoio direto para ajudar ou organizar para responder a esta situação. Ninguém aproveitou isso, acho que em parte porque quando ele aparece, tem sucesso e os outros ficam sem nome. E por isso ninguém quis", afirmou.
Timor-Leste tem atualmente 206 casos ativos da covid-19, o número mais elevado desde o início da pandemia.
No domingo, em que se assinalou o aniversário da primeira infeção no país, as autoridades anunciaram 55 novos casos em 24 horas, dos quais 43 em Díli.
O país tem atualmente quatro cercas sanitárias em vigor e confinamento obrigatório nos municípios de Díli, Baucau e Viqueque.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.710.382 mortos no mundo, resultantes de mais de 122,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.768 pessoas dos 817.530 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
ASP // EJ
Lusa/Fim