O secretário-geral do PCP acusou este sábado a direita de querer "vender o país aos retalhos" e fazer um "saque aos recursos públicos" e assinalou que os comunistas querem "abrir um novo caminho de desenvolvimento do país".

Paulo Raimundo afirmou que, nas eleições legislativas antecipadas de 18 de maio, confrontam-se "duas visões alternativas sobre as empresas e sobre os setores estratégicos".

" De um lado estão aqueles que ao longo dos anos tudo têm feito para continuar a vender o país aos retalhos, PSD e CDS, cujo programa de privatizações interrompemos com a nossa luta, com a nossa ação, em 2015, mas que está aí novamente a ser preparado para ser concretizado", afirmou.

O secretário-geral do PCP considerou também que o papel de Chega e IL "na defesa dos interesses do grande capital reclama que se vá ainda mais longe, de forma mais rápida, no saque aos recursos públicos".

O líder comunista falava no encerramento da sessão pública com o tema "as nacionalizações, o crime das privatizações, setores estratégicos e o desenvolvimento do país", que decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa.

PS e PSD partilham "responsabilidades na destruição do setor empresarial do Estado"

Quanto ao PS, Paulo Raimundo considerou que "partilha com o PSD grandes responsabilidades na destruição do setor empresarial do Estado, e admite o aprofundamento deste caminho, de que é exemplo a disponibilidade que já apresentou para o processo de privatização da TAP que está em preparação".

O dirigente afirmou que o PCP e a CDU (coligação que integram nas eleições) estão "ao lado dos trabalhadores e do povo e do país, a resistir a esta política de favorecimento do grande capital, a defender a recuperação do controlo público dos setores estratégicos e outros importantes instrumentos de soberania", bem como o "modelo económico consagrado na Constituição da República Portuguesa".

"Está nas mãos dos trabalhadores e das populações, com a sua ação, a sua luta e o seu voto, nas eleições no próximo dia 18 de maio, com o seu voto na CDU, abrir um novo caminho de desenvolvimento do país, uma política centrada na construção da vida melhor a que todos temos direito", defendeu.

"Portugal não é uma província da UE é um país com quase 900 anos de história"

Na sua intervenção, Paulo Raimundo classificou as privatizações como um "crime económico" e considerou que "significam desemprego, precariedade e baixos salários" e estão associadas "corrupção, tráfico de influências e negociatas".

"As opções políticas nacionais têm de ser tomadas para servir os interesses do povo português e não para servir meia dúzia de acionistas e de grandes acionistas", considerou.

"Portugal não é uma província da União Europeia, Portugal não é, não pode e não está destinado a ser um resort turístico nem uma colónia das multinacionais", salientou, sustentando que "é um país com quase 900 anos de história, é um país soberano e é um país cuja a única lei que está obrigado a cumprir e a fazer cumprir se chama Constituição da República Portuguesa".

Paulo Raimundo afirmou igualmente que "a política ao serviço dos grupos económicos tem na propaganda e na mentira uma arma de arremesso de grande dimensão".

Neste ponto, disse existir uma narrativa de que as empresas públicas são "um buraco sem fundo, que só dão prejuízos", escondendo que "a maioria das empresas públicas são lucrativas, e é pelo facto de serem lucrativas que elas são apetecíveis pelos grupos económicos".