O secretário-geral do PS considerou hoje que as medidas do Chega são irresponsáveis e irrealistas e que o partido não tem moral para criticar, enquanto André Ventura acusou Pedro Nuno Santos de ser herdeiro da "pior governação".

Os líderes do PS e do Chega defrontaram-se hoje num debate para as eleições legislativas de 18 de maio, transmitido na TVI.

"O programa do Chega, que nós ainda não conhecemos, mas olhando para o do ano passado, baixa os impostos todos, aumenta a despesa toda, é uma irresponsabilidade. Não é tanto uma irresponsabilidade, é irrealismo, não é para levar a sério as propostas que o Chega apresenta", afirmou Pedro Nuno Santos.

O líder socialista afirmou também que o presidente do Chega "fala alto, esbraceja, mas depois não diz nada de concreto, não apresenta soluções para resolver os problemas dos portugueses".

"Há uma incompreensão de André Ventura face à economia portuguesa", criticou também.

Sobre as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos da América, Pedro Nuno Santos questionou diretamente o presidente do Chega se "está do lado dos portugueses, ou do seu amigo e aliado Donald Trump", com Ventura a dizer que não concorda com esta medida e a defender o fim do acordo da União Europeia com o Mercosul, por ser "um desastre"..

Na resposta, o líder do Chega acusou também Pedro Nuno Santos de ser "o homem que deu cabo da TAP, que deu cabo da ferrovia, que deu cabo da CP" e "destruiu a economia".

De seguida, dirigiu-se diretamente aos portugueses e pediu "uma oportunidade", defendendo que, enquanto ministro, Pedro Nuno geriu "tão mal" as pastas pelas quais era responsável, e questionando como "vai gerir bem agora o país inteiro".

André Ventura afirmou igualmente que "Pedro Nuno Santos tem a responsabilidade de ser herdeiro do pior que a nossa governação teve" e acusou o PS de ter mudar de posição sobre o IUC por uma questão de eleitoralismo.

O antigo ministro disse que a TAP e a CP eram "duas empresas que davam cronicamente prejuízo" e as deixou "a dar lucro".

"Os governos do PS foram muito importantes, aumentaram-se salários, aumentaram-se pensões, o país cresceu sempre acima da média europeia", sustentou o socialista.

A imigração foi outro dos temas abordados no debate, com o secretário-geral do PS a defender "uma imigração regulada, com regras e canais legais de entrada", e "incentivos para que quem queira vir viver e trabalhar em Portugal entre pelas vias legais".

"A manifestação de interesse pode ter feito sentido durante um período em que a economia portuguesa precisava muito de mão de obra e os serviços consulares não davam resposta. Acho que é um mecanismo desajustado, que acaba por dar incentivos errados, nomeadamente quando nós queremos é quem quer vir para Portugal procure os canais regulares e legais", argumentou.

Ainda neste ponto, Pedro Nuno Santos acusou André Ventura de mentir "sistematicamente sobre a imigração porque, na realidade, o Chega precisa de um inimigo e de um medo para existir".

André Ventura devolver as críticas e responsabilizou o PS por "esta política de bandalheira e de portas abertas".

O líder do Chega defendeu que o "país tem de controlar as suas fronteiras", por exemplo através de quotas para a entrada de imigrantes, e afirmou que um estrangeiro que cometa algum crime deve ser deportado para o país de origem.

O secretário-geral do PS indicou que a expulsão do território nacional já é uma pena prevista na legislação portuguesa e disse que os socialistas querem "garantir que quem comete crimes, cumpre pena", enquanto o Chega não consegue garantir que "quem comete crimes cumpre pena lá fora".

Na reta final do debate, Pedro Nuno defendeu que o Chega "não tem autoridade moral nenhuma para apontar o dedo a quem quer que seja", pois é a bancada parlamentar "com mais problemas com a justiça".

"O PS, a única experiência que tem, são 50 anos de corrupção", retorquiu o líder do Chega, criticando a presença do antigo secretário de Estado Hugo Mendes nas listas do PS de candidatos a deputados.