"O senhor primeiro-ministro, que enquanto líder da oposição vincava tanto esta dimensão de se afastarem pesos políticos negativos, também tem que dizer, se entende que o seu secretário de Estado não é um peso político negativo", disse Pedro Nuno Santos, durante uma visita ao projeto RAIZ, em Aveiro.
Questionado sobre se o PS vai pedir a demissão do secretário de Estado Hernâni Dias e se o mesmo tem condições para continuar no cargo, o líder do PS disse que o mais importante é que sejam dados esclarecimentos.
"Acho importante que todos os esclarecimentos sejam dados para podermos, não só concluir, e esperemos, termos segurança e confiança em quem está no Governo da República", afirmou.
Pedro Nuno Santos lembrou ainda que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, "foi sempre muito exigente" com aquilo que considerava "pesos políticos negativos" para o Governo liderado por António Costa, defendendo que também devia fazer o mesmo agora.
"Era muito importante que Luís Montenegro também viesse dizer se entende que este secretário de Estado enquadra-se nessa sua definição de peso político negativo, porque se se enquadrar na sua própria definição de peso político negativo, bom, tem um problema para resolver", afirmou.
Na sexta-feira, a RTP noticiou que o secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território criou duas empresas que podem agora beneficiar com a nova lei dos solos, sendo que é secretário de Estado do ministério que tutela essas alterações.
Uma semana antes, o mesmo canal de televisão avançou que Hernâni Dias está a ser investigado pela Procuradoria Europeia e é suspeito de ter recebido contrapartidas quando foi autarca de Bragança.
De acordo com a RTP, a propriedade de um imóvel ocupado no Porto pelo filho de Hernâni Dias pertence ao filho de um dos sócios de uma construtora que ganhou o concurso para a ampliação da zona industrial de Bragança.
Na terça-feira da semana passada, num comunicado enviado à agência Lusa, Hernâni Dias recusou ter cometido qualquer ilegalidade, afirmando que está "de consciência absolutamente tranquila" e que agiu "com total transparência".
O secretário de Estado garante ter pedido ao Ministério Público (MP) "que investigasse a empreitada da Zona Industrial em Bragança e ao LNEC [Laboratório Nacional de Engenharia Civil] que fizesse uma auditoria", assegurando, relativamente ao apartamento ocupado pelo filho no Porto, que "o valor das rendas foi pago por transferência.
O Chega e o BE já pediram a demissão do governante e vários partidos já requereram a sua audição parlamentar.
JDN (SMA) // SF
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