
O Telescópio Espacial James Webb obteve imagens diretas de um exoplaneta a cerca de 12 anos-luz da Terra. Embora houvesse indícios de que o planeta existia, só foi confirmada a sua existência agora que James Webb o fotografou. É um dos exoplanetas mais frios observados até hoje.
O planeta Epsilon Indi Ab tem várias vezes a massa de Júpiter e orbita a estrela do tipo K Epsilon Indi A (Eps Ind A), que tem aproximadamente a idade do nosso Sol, mas é um pouco mais fria.
A equipa de astrónomos liderada por Elisabeth Matthews, do Instituto Max Planck, fez as observações com o coronógrafo no MIRI (Mid-Infrared Instrument) do telescópio James Webb e os resultados foram agora publicados na revista Nature.
“As nossas observações anteriores deste sistema foram medições mais indiretas da estrela, o que na verdade nos permitiu perceber que provavelmente havia um planeta gigante neste sistema. Foi por isso que a nossa equipa escolheu este sistema para observar primeiro com o Webb" , diz a co-autora Caroline Morley, da Universidade de Texas em Austin, EUA.
Apenas algumas dezenas de exoplanetas foram fotografadas diretamente por observatórios espaciais e terrestres, explica a ESA.
Super-Júpiter gelado num sistema de três estrelas
O planeta tem aproximadamente o mesmo diâmetro que Júpiter, mas com seis vezes a sua massa. A sua atmosfera é também rica em hidrogénio como a de Júpiter. A grande diferença é que este planeta demora mais de um século, possivelmente até 250 anos, a dar uma volta em torno da sua estrela. É 15 vezes mais a distância para a sua estrela do que da Terra ao Sol.
Epsilon Indi Ab é um dos exoplanetas mais frios alguma vez detetados diretamente, com uma temperatura estimada em 2 graus Celsius – mais frio do que qualquer outro planeta fotografado para além do nosso Sistema Solar e mais frio do que todas as anãs castanhas flutuantes, exceto uma - Wise 0855, descoberta em 2014 e observada por James Webb.
Os cientistas já suspeitavam há muito tempo que um grande planeta orbitava esta estrela a 12 anos-luz de distância, mas não tão massivo ou longe da sua estrela.
- Um ano-luz é a distância que a luz percorre num ano: 9 460 730 472 580,8 de quilómetros, ou seja, mais de 9 mil milhões de quilómetros.
Estas novas observações mostram que o planeta orbita a estrela Epsilon Indi A, parte de um sistema de três estrelas.
“Os astrónomos têm imaginado planetas neste sistema há décadas; planetas fictícios orbitando Epsilon Indi têm sido locais de episódios de Star Trek, livros e videogames como Halo. É emocionante ver que realmente existe aí um planeta e poder começar a medir as suas propriedades", diz Caroline Morley.
Os astrónomos observaram diretamente o gigante gasoso e frio - um feito raro e complicado - através do uso de um dispositivo de sombreado especial no Webb. Ao bloquear a luz das estrelas, o planeta destacou-se como um pequeno ponto de luz infravermelha.
O planeta e a estrela têm 3,5 mil milhões de anos, 1 mil milhões de anos mais novos do que o nosso sistema solar, mas ainda assim considerados antigos e mais brilhantes do que o esperado, de acordo com Matthews.
A estrela está tão próxima e brilhante do nosso sistema solar que é visível a olho nu no hemisfério sul.
"Este é um gigante gasoso sem superfície dura ou oceanos de água líquida", explicou Matthews, em declarações à agência Associated Press (AP).
É improvável que este sistema solar tenha mais gigantes gasosos, mas pequenos mundos rochosos podem estar à espreita.
Mundos semelhantes a Júpiter podem ajudar os cientistas a compreender "como estes planetas evoluem em escalas de tempo de giga anos", acrescentou.
Mais de 5 mil exoplanetas encontrados
Os primeiros planetas fora do nosso sistema solar foram confirmados no início da década de 1990. A contagem da NASA é agora de 5.690 em meados de julho.
A grande maioria foi detetada através do método de trânsito, em que uma queda fugaz da luz das estrelas, repetida a intervalos regulares, indica um planeta em órbita.
Os telescópios no espaço e também no solo estão à procura de ainda mais, especialmente planetas que possam ser semelhantes à Terra.
Telescópio Espacial James Webb
Projeto conjunto da NASA/ESA/CSA (agência espacial do Canadá), o telescópio espacial James Webb é o novo grande observatório de ciências espaciais para resolver os mistérios do Sistema Solar, explorar mundos distantes em redor de outras estrelas e descobrir as origens do Universo.
O seu lançamento estava previsto para março de 2021, mas a pandemia obrigou ao adiamento. Foi lançado em dezembro de 2021 e as primeiras imagens foram divulgadas a 12 de julho de 2022. O primeiro aniversário de James Webb no espaço foi celebrado com o nascimento de estrelas semelhantes ao Sol.
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Com agências