"Eu confesso que aquele indivíduo tem estado a abusar no que diz respeito às difamações, não só contra mim, mas contra muita gente na sociedade. Eu espero que, desta vez, o Ministério Público perante as queixas que foram apresentadas fará o seu trabalho e esse indivíduo poderá ir sentar-se no banco dos réus para responder perante crime de difamação que ele anda aqui repetidamente a cometer", disse Patrice Trovoada.

"É bom que ele seja ou conduzido ao tribunal para ele poder responder e ser condenado, porque é de facto alguém que anda a difamar, ou então que uma alma generosa lhe marque uma consulta na psiquiatria para ver se ele tem algum problema", sublinhou Patrice Trovoada, no aeroporto de São Tomé, no seu regresso de Portugal.

O advogado são-tomense Miques João disse à Lusa que apresentou denúncia no Ministério Público contra o primeiro-ministro, assegurando que tem "provas muito contundentes e claras" de que Patrice Trovoada participou na execução de quatro cidadãos no quartel militar em 2022.

Segundo o advogado, além de Patrice Trovoada, são visados o deputado e secretário-geral da Ação Democrática Independente (ADI), Elísio Teixeira, e mais duas pessoas, nomeadamente, um português e um são-tomense.

O chefe do Governo são-tomense desvalorizou a denúncia do advogado, considerando que são "conversas que trazem audiência", mas defendeu que "é preciso ir ao fundo da questão".

"Quando as pessoas buscam audiência, esse tipo de declarações faz audiência e é preciso nós respondermos porque finalmente acabam por manchar o país, [...] ele faz muito mal ao país, [mas] a mim não faz mal", disse Patrice Trovoada.

"Do ponto de vista da investigação e do julgamento é um assunto encerrado, elementos novos [e] provas se ele tiver que as apresente, invés de estar aqui a sujar [a imagem dos outros]", acrescentou.

Instado a comentar o facto de o advogado insistir que o primeiro-ministro esteve no quartel, Patrice Trovoada sublinhou que o processo "foi investigado até por Portugal" por isso não perderá tempo com a questão.

Segundo as autoridades, na madrugada de 25 de novembro de 2022, quatro homens atacaram o quartel das Forças Armadas, na capital são-tomense, num assalto classificado como tentativa de golpe de Estado.

Três dos quatro atacantes detidos pelos militares no quartel, e outro detido posteriormente, em casa, morreram horas depois no quartel. Mais tarde, fotos e vídeos dos homens com marcas de agressão, ensanguentados e com as mãos amarradas atrás das costas, ainda com vida e também já na morgue, e com militares a agredi-los, foram amplamente divulgadas nas redes sociais.

Até ao momento apenas civil Bruno Afonso, que integrou o grupo dos assaltantes ao quartel, foi julgado e condenado a 15 anos de prisão por alteração violenta de Estado de Direito e detenção de arma proibida, mas aguarda em liberdade a decisão de um recurso apresentado ao Tribunal Constitucional.

Mais de duas dezenas de militares, incluindo o atual comandante da Guarda Costeira, Armindo Rodrigues, foram acusados pelo Ministério Público por envolvimento na morte dos quatro civis, mas aguardam o julgamento a ser realizado pelo tribunal militar, que alega falta de meios para funcionar.

JYAF // TDI

Lusa/Fim