Em comunicado de imprensa, a formação política pede igualmente a demissão do Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança, do Comandante-Geral da Polícia moçambicana e da Procuradora-Geral da República, referindo que "é o primeiro passo" para a reposição da ordem constitucional no país.

O Partido Podemos indica ainda que o atropelamento da jovem e outras ações da polícia representam "graves ações de flagrantes atropelos dos direitos humanos que configuram crimes contra a humanidade", defendendo que manifestações são um direito constitucional.

O Podemos pede igualmente aos moçambicanos apoio aos feridos durante manifestações que visam contestar os resultados eleitorais.

As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) assumiram na quarta-feira terem atropelado uma jovem na capital moçambicana, esclarecendo que o veículo se encontrava "numa missão de proteção de objetos económicos" contra manifestantes e que a vítima foi socorrida.

"Esta viatura encontrava-se em missão de proteção de objetos económicos essenciais, limpeza e desbloqueio das vias de circulação, no âmbito das manifestações pós-eleitorais e fazia parte de uma coluna militar devidamente sinalizada", lê-se num comunicado de imprensa do Ministério da Defesa de Moçambique a que a Lusa teve acesso.

No documento é referido que a vítima foi "prontamente socorrida" no Hospital Central de Maputo, garantindo que se encontra a receber tratamento hospitalar adequado.

Uma fonte familiar confirmou à Lusa que a jovem foi atropelada na manhã de quarta-feira e se encontra em estado grave

Pelo menos três pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas devido ao disparo de tiros na quarta-feira em Moçambique nas manifestações de contestação dos resultados eleitorais, indicou a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane tinha apelado na terça-feira à população moçambicana para, durante três dias, começando quarta-feira, abandonar os carros a partir das 08:00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.

Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

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