O primeiro-ministro não ligou ao Presidente da República antes de fazer a sua declaração ao país de sábado à noite, mas só depois. Marcelo não atendeu e lamenta que Montenegro não lhe tenha pedido opinião antes de falar. "O primeiro-ministro tem direito de não ligar, mas podia ouvir a minha opinião", disse o Presidente da República à SIC.

No sábado, entre a reunião de aconselhamento político em que estiveram alguns ministros e os dirigentes do PSD Hugo Soares e Leonor Beleza e o início da reunião de Conselho de Ministros, Montenegro ficou na residência oficial cerca de 20 minutos, o que foi entendido por alguns órgãos de comunicação social como um tempo de espera para falar com o Presidente da República. Este domingo, o Observador noticiou que Marcelo não tinha atendido Montenegro, mas agora é o próprio Presidente a esclarecer que o telefonema só aconteceu depois da comunicação ao país.

Marcelo disse à SIC que esteve em Belém no sábado durante a tarde. Aliás, uma das televisões deu imagens do carro do Presidente a sair da residência oficial só depois de terminada a comunicação do primeiro-ministro. Contudo, quando o primeiro-ministro lhe ligou já teria passado uma meia hora da comunicação ao país e o Presidente já tinha saído de Belém e não atendeu.

O PR entende que Montenegro tem todo o direito de não lhe comunicar previamente, mas considera que seria do interesse do primeiro-ministro ouvir a sua opinião. Mas também salienta que tem sido essa a prática de Montenegro: ser muito pessoal nas decisões, não ouvir o Presidente e só o informar no último minuto. Contudo, desta vez nem foi no último minuto ligou, foi só mesmo depois de já ter falado.

Ainda assim, o Presidente continua a afastar a hipótese de uma crise política. E anuncia que pretende manter-se em silêncio até ao debate da moção de censura já entregue pelo PCP e que deverá ser discutida esta semana. Marcelo lembra que o país e o Parlamento estão a funcionar, tentando assim afastar a ideia de que poderá haver um irregular funcionamento das instituições, como tem alegado o Livre, partido que já pediu para ser ouvido em Belém.