Até agosto de 2024 o país possuía 298.071 famílias sem-abrigo, o que representa 308.277 pessoas cadastradas, indica-se no relatório "População em Situação de Rua: Conceitos, Métodos de Contagem e Políticas Públicas" divulgado quarta-feira.

Em 2018, o número de sem-abrigos no país sul-americano totalizava 116.799 pessoas. Além disso, o número de municípios com registos de pessoas nessa condição quase duplicou, passando de 1.215, em 2015, para 2.354, em 2023.

O Cadastro Único é um instrumento coordenado pelo Governo brasileiro para identificar e caracterizar as famílias de baixa renda, que é usado, entre outras coisas, para pagar benefícios sociais como o programa de transferência de renda Bolsa Família.

No relatório aponta-se que o crescimento expressivo da população sem-abrigo "demonstra a urgência de políticas públicas externas, não apenas quanto à questão económica, mas também em relação à restrição de vínculos familiares e à promoção de redes de apoio que possam prevenir o agravamento dessa situação".

Eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024, também contribuem significativamente para o aumento dessa população, de acordo com o mesmo documento, já que "desastres naturais forçaram milhares de pessoas a abandonarem suas casas, somando-se ao número crescente de indivíduos em situação de rua".

O relatório constatou ainda que jovens analfabetos, negros e indígenas têm mais chance de ser encontrados a pernoitar nas ruas do que os brancos, em comparação ao que se encontra nos albergues, por exemplo.

"A rua é mais racializada do que os albergues, ainda que em ambos a maioria da população em situação de rua seja negra", lê-se no mesmo texto.

 

CYR // JMC

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