Todos os líquidos, cremes e gel têm de ser colocados em recipientes com capacidade máxima de 100 ml, postos dentro de sacos de plástico transparentes e passar pela segurança do aeroporto num tabuleiro à parte. Uma prática comum por cá, mas que já tinha sido descartada em vários lugares e que, a partir de 1 de setembro, voltou a ser obrigatória em todos os aeroportos dos 27 Estados-membros da União Europeia.
Porquê esta decisão? A resposta está num problema tecnológico e em problemas logísticos (a até financeiros) que estão a afetar os equipamentos para deteção de explosivos e substâncias perigosas.
Os CT scanners
Vários aeroportos tinham já instalado novas máquinas, mais avançadas, chamadas“CT scanners”. Uma vez implementada, esta tecnologia faz uma análise de alta precisão aos artigos de higiene e eletrónicos, criando imagens tridimensionais daquilo que os passageiros levam na bagagem de mão.
Os scanners vão permitir a todos os aeroportos acabar com a regra da separação dos líquidos, agilizando a passagem pela segurança aeroportuária e reduzindo os tempos de espera nos aeroportos – uma vez que os viajantes escusam de estar a retirar os líquidos e a separá-los do resto da bagagem nos tabuleiros.
No entanto, o processo de instalação destas máquinas nos aeroportos não está a correr como era desejado.
Os problemas desta tecnologia
De acordo a Condé Nast Traveller, publicação especializada em viagens, a instalação dos scanners tem-se revelado bastante dispendiosa.
Além do alto preço dos equipamentos, a maioria dos aeroportos tem de reforçar o chão dos terminais para que estes aguentem com o peso da nova maquinaria.
Simultaneamente, tem havido problemas na cadeia de distribuição dos aparelhos, com muitos aeroportos a não conseguirem sequer encomendar as máquinas - foi o caso de grandes aeroportos no Reino Unido, como Gatwick e Stansted, que falharam o prazo que lhes tinha sido imposto para a instalação das máquinas até junho deste ano.
Além disto, a própria tecnologia tem mesmo evidenciado falhas no funcionamento. Um relatório da Comissão Europeia enviado à Conferência Europeia de Aviação Civil denunciou um “problema técnico” com os scanners que impediu que fossem detetadas substâncias perigosas em recipientes com líquidos com mais de 330 ml de capacidade.
“Um passo atrás”
Até todos estes problemas estarem resolvidos, a União Europeia prefere dar um passo atrás e reimpor a regra da separação dos líquidos.
A medida, ressalva Bruxelas, é temporária, apesar de não avançar um prazo específico até quando estará em vigor.
A Comissão Europeia garante que “as máquinas em si, que são de alta qualidade, não estão em questão”.
“Estamos apenas a responder a problema técnico temporário, em alinhamento com os nossos parceiros internacionais”, ressalvou, negando qualquer “ameaça”
Mais mudanças no futuro?
Por regular fica ainda a muito falada standardização do tamanho da bagagem de mão em toda União Europeia - uma reclamação de muitos passageiros, fartos de ver cobradas taxas extra pela bagagem de mão que levam, em algumas companhias aéreas.
A Comissão Europeia reuniu, em julho, o setor para discutir a possibilidade de serem aplicados os mesmos pesos e dimensões de bagagem de mãos permitidos em toda a União Europeia – mas nada foi ainda decidido.
São esperados mais desenvolvimentos no próximo outono.