A poucos dias de tomar (novamente) posse como Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump quer expandir o território norte-americano além fronteiras. Depois de ter dito que iria exigir a devolução do Canal do Panamá, o republicano quer assumir o controlo da Gronelândia, que está sobre alçada da Dinamarca que pertence à NATO. Desta forma, não exclui a possibilidade de recorrer à força militar ou à coerção económica.
Enquanto o seu filho, Donald Trump Jr. fazia uma visita privada à Gronelândia, o Presidente eleito norte-americano manifestava cada vez mais a sua vontade em "conquistar" esta ilha entre o Atlântico Norte e o Oceano Ártico.
"A Gronelândia é um lugar incrível e o seu povo, se e quando se tornar parte da nossa nação, irá beneficiar enormemente (...) Tornar a Gronelândia grande outra vez", escreveu Donald Trump na rede social Truth Social, na segunda-feira, acrescenta que esta aquisição servirá para "fins de segurança nacional".
Um "capricho" que nasceu no século passado
Não é primeira vez que um presidente norte-americano manifesta interesse em adquirir aquela que é a maior ilha do mundo. Esta é uma vontade que já vem do século passado com o presidente Harry S. Truman. Em 1946, o democrata apresentou uma proposta semelhante que - sem surpresas - acabou por ser rejeitada.
Recursos como petróleo e gás natural, influência e localização estratégica no Ártico são alguns dos motivos que levaram Donald Trump a querer comprar a Gronelândia em 2019. Uma proposta que, na altura, foi recusada pela então primeira-ministra da Dinamarca.
Numa altura em que o mundo vive divido entre conflitos armados, os Estados Unidos tentam expandir a sua presença militar e a proximidade da Gronelândia com o continente norte-americano parece ser a "cereja no topo do bolo". A ilha está mais próxima da cidade de Nova Iorque do que da própria capital dinamarquesa. Além disso, alberga uma grande base militar norte-americana.
Um sonho: independência / Uma ameaça: Donald Trump
A proposta apresentada por Donald Trump foi recusada pelo primeiro-ministro Mute Egede que frisou, repetidamente, que a ilha "não está à venda".
" A Gronelândia é nossa. Não estamos à venda e nunca estaremos ", escreveu na rede social Facebook, antes do Natal.
"Como disse o primeiro-ministro Mute Egede, a Gronelândia não está à venda", comentou Mette Frederiksen, primeira-ministra dinamarquesa, ressalvando que os Estados Unidos são o "aliado mais próximo" da Dinamarca.
Propriedade da Dinamarca há mais de 600 anos com a sua própria bandeira, língua e instituições, a Gronelândia ainda está sujeita à constituição dinamarquesa. No entanto, no ano de 2009, recebeu total autonomia do Governo e se assim entender pode declarar independência da Dinamarca através de um eventual referendo.
Ainda que este seja um sonho dos gronelandeses, muitos reconhecem que a sua dependência económica da Dinamarca impede que tal se torne realidade. Depois de ter proibido a extração de petróleo e gás natural por motivos ambientais, a Gronelândia passou a estar fortemente dependente de atividades como a pesca e dos subsídios dinamarqueses.
Ainda assim, mesmo que declare independência, pode optar por se associar aos Estados Unidos.
A Gronelândia tem 57 mil habitantes distribuídos por 2,2 milhões de quilómetros quadrados, o que se traduz na densidade populacional mais baixa do mundo.
[Última atualização às 00:23]