"A outra grande preocupação dos moçambicanos, dos amigos da paz, é sobre a fonte de financiamento e da logística de apoio militar do grupo terrorista na província de Cabo Delgado. Começa a haver um consenso de que parte dos apoios provêm do Estado Islâmico", disse o chefe de Estado, durante a cerimónia oficial das comemorações do 60.º Aniversário do Desencadeamento da Luta de Libertação Nacional e Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Segundo Filipe Nyusi, além do Estado Islâmico, os grupos terroristas que tem protagonizado ataques em Cabo Delgado desde 2017 também são financiadas por fundos cobrados a familiares de cidadãos capturados durante as incursões, sobretudo agentes económicos.
"Os terroristas exercem ainda coação a cidadãos capturados e agentes económicos para os seus familiares ou donos de empreendimentos económicos pagarem resgate, servindo de sustento para as suas investidas", frisou Filipe Nyusi.
Para Filipe Nyusi, Moçambique enfrenta uma luta contra um "inimigo sem rosto" e cujas intenções "não são claras".
O chefe de Estado moçambicano pediu que a população de Cabo Delgado seja vigilante, denunciando às autoridades a presença de terroristas e evite colaborar com os grupos insurgentes sob o risco de virarem alvos durante os confrontos com as Forças de Defesa e Segurança.
"É difícil saber quem é quem", admitiu o chefe de Estado moçambicano.
O estadista moçambicano lamentou ainda que existam moçambicanos a liderar o movimento terrorista, avançando pelo menos seis nomes que supostamente fazem parte da cadeia de comando dos insurgentes no norte de Moçambique.
Filipe Nyusi avançou ainda que existe controlo da situação e que os terroristas estão confinados a algumas áreas das matas dos postos administrativos de Mucojo, Quiterajo, em Macomia, de onde realizam ataques esporádicos na tentativa de encontrar meios logísticos para "sustentar as suas ações".
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.
Desde o início de agosto, diferentes fontes no terreno, incluindo a força local, têm relatado confrontos intensos entre a missão militar conjunta e os insurgentes nas matas do posto administrativo de Mucojo (Macomia), envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com relatos de tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.
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