"Com o apoio da missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral [SADC] e do Ruanda, conseguimos resolver o problema grave que tínhamos (...). Todas cidades e vilas que estavam ocupadas foram recuperadas e não conhecemos uma base fixa neste momento dos terroristas", declarou Filipe Nyusi, durante um encontro com o seu homólogo da Zâmbia, Hakainde Hichilema, no âmbito de uma visita de trabalho que hoje começou àquele país africano.

Embora sem uma "base fixa", prosseguiu o chefe de Estado moçambicano, os grupos rebeldes em Cabo Delgado continuam a protagonizar alguns ataques.

"Eles operam como nómadas, em debandada de um canto para o outro. É verdade que sempre fazem um ataque ali para mostrar que eles existem, mas as populações estão a regressar para as suas zonas de origem, estão a reconstruir as suas habitações e também o setor empresarial. Esperamos que esta retoma continue até para os mega projetos que ocorrem na região", acrescentou Filipe Nyusi, que reitera que, embora as forças da SADC estejam em retirada, a situação em termos de estabilidade é positiva.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, o que acontece numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos de cultivo.

O Presidente de Moçambique afirmou em 16 de junho que a ação das várias forças de defesa permitiu acabar com "praticamente todas" as bases dos grupos terroristas que operam em Cabo Delgado, que se limitam agora a "andar no mato".

A visita de Filipe Nyusi à Zâmbia, que faz fronteira com Moçambique através da província de Tete (centro), visa reforçar a cooperação entre os países, com destaque para os setores portuários, turismo e energia, estando prevista a assinatura de diversos memorandos.

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