"Demos também orientação ao Governo para muito rapidamente repor a energia. Há um exercício que está a ser feito para obter um gerador com alguma capacidade (...), mas estamos a tentar instruir a EDM [Eletricidade de Moçambique] para tentar repor a energia o mais rápido possível porque energia resolve muitos problemas. Vai resolver o problema das telecomunicações, saúde, o funcionamento do centro de saúde, água [e outros]", disse Filipe Nyusi, durante uma visita ao distrito de Mecúfi.
O ciclone tropical, que se formou em 05 de dezembro no sudoeste do oceano Indício, entrou no domingo por Mecúfi, em Cabo Delgado, "com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora" e chuvas fortes, causado a morte de pelo menos 50 pessoas só no distrito, segundo dados de até quarta-feira.
Mecúfi está sem energia e telecomunicações desde domingo, com diversas casas total ou parcialmente destruídas, além de centros de saúde, escolas e outras infraestruturas devastadas pelo ciclone, de acordo com informações avançadas à Lusa esta semana por organizações no terreno.
Durante a visita, o chefe de Estado moçambicano realçou que a alimentação e abrigo são as necessidades mais urgentes no distrito, garantindo que já está a ser prestado apoio às comunidades e alertando, entretanto, para a ocorrência de mais chuva nas próximas duas semanas.
"Chuvas durante duas semanas significa que essa gente que está ao relento vai ter dificuldades e podemos ter problemas de aquilo que recebem, ou que tem, que restou, se molhar", disse Filipe Nyusi, manifestando também preocupação sobre uma eventual eclosão de doenças.
Nyusi quer ainda que seja feita a recuperação do distrito a médio prazo, aproveitando o momento para resolver o problema de ordenamento de Mecúfi, num processo de reconstrução que o Presidente espera que sejam também envolvidos jovens.
"São males que vem para nos ajudar a resolver alguns problemas (...) a vossa vila está desordenada e agora seria bom que pensássemos em ordenar", referiu o Presidente da República de Moçambique.
A Comissão Europeia aprovou hoje uma nova ajuda de emergência para Moçambique, no valor de 900 mil euros, e vai também enviar 60 toneladas de materiais, na sequência da devastação causada pelo ciclone Chido.
Um total de 73 pessoas morreram, uma está desaparecida e outras 543 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Chido no norte e centro de Moçambique, indicam os dados mais recentes das autoridades moçambicanas.
O ciclone Chido afetou ainda 329.510 pessoas, o correspondente a 65.282 famílias, nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, no norte, e Tete e Sofala, no centro do país, refere-se no novo balanço do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres de Moçambique.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
LN (PYME/IG) // ANP
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