Mamadu Djamanca explicou que a campanha de apanha, compra e venda no produtor, escoamento e exportação do produto para o exterior, começou tardiamente e vai refletir-se no resultado final da safra.

Como consequência imediata, o responsável afirmou que quando a campanha foi aberta pelo Governo em maio, "os agricultores estavam em confinamento" daí que não puderam iniciar logo a apanha do caju o que fez com que haja um decréscimo na colheita.

Mamadu Djamanca indicou que devido à situação estão, neste momento, em processo de exportação cerca de 75 mil toneladas da castanha do caju, enquanto 90 mil toneladas aguardam nos armazéns no interior da Guiné-Bissau para serem transportadas para Bissau.

No período homólogo, do ano passado, o país já tinha exportado cerca de 100 mil toneladas da castanha, notou Djamanca.

O presidente da associação de exportadores e importadores da Guiné-Bissau disse ainda que apesar de o governo ter mobilizado 22,9 milhões de euros para ajudar no financiamento da campanha do caju, a estratégia não foi bem executada de forma a permitir melhores ganhos aos intervenientes no setor.

A associação não concordou com as condições impostas pelos bancos comerciais aos quais o Governo entregou a gestão do dinheiro e citou os apoios diretos que Cabo Verde e Portugal deram aos operadores económicos para os ajudar a fazer face aos problemas provocados pela covid-19.

" Em Cabo Verde até as 'bideiras' (mulheres do comércio informal) receberam apoios do Estado para não ficarem paradas. Portugal teve um gesto extraordinário em relação às pequenas e médias empresas (PME's), infelizmente na Guiné-Bissau zero. Estamos entregues à nossa sorte", sublinhou Djamanca.

O responsável disse que a campanha de 2020 está a ser difícil e que o país não vai conseguir exportar as 200 mil toneladas da castanha que tem sido a fasquia normal, notou.

A Guiné-Bissau regista mais de 2.000 casos acumulados de infeções por covid-19, incluindo 29 vítimas mortais.

Quando foram detetados os primeiros casos no país, em março, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, encerrou fronteiras e decretou o estado de emergência, que já foi prolongado por diversas vezes, a última das quais até 24 de agosto.

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