"É preciso que esses processos -- dentro do tempo da justiça, que não há outro tempo, tem de ser o tempo da justiça -- sejam rapidamente esclarecidos, investigados, e que se chegue a conclusões", declarou Paulo Raimundo aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.

O secretário-geral do PCP referia-se às investigações sobre projetos de lítio e hidrogénio que levaram a buscas em vários gabinetes do Governo na terça-feira e a um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça que tem o primeiro-ministro, António Costa, como alvo.

Paulo Raimundo defendeu que "é importantíssimo para a credibilidade da própria democracia, é importantíssimo do ponto de vista da justiça que se tire as consequências todas desses processos judiciais e criminais que estão em causa, e é também importante do ponto de vista político e de credibilidade".

"E eu posso transmitir que é uma preocupação que o senhor Presidente da República também partilha, estamos todos empenhados em que o mais rapidamente possível se clarifique cada um desses processos, porque isso é de grande importância para a justiça, para o plano político, mas também para a credibilidade", acrescentou.

Segundo o secretário-geral do PCP, é necessário "as pessoas sentirem que há um poder político, há um poder judicial, cada um nas suas funções, mas tudo a trabalhar em prol do país".

Interrogado sobre como encontrou hoje o Presidente da República, Paulo Raimundo referiu que esteve com Marcelo Rebelo de Sousa na segunda-feira e considerou que "a sua forma era muito semelhante", mas que "naturalmente que não estava satisfeito com a situação, com o desenvolvimento das questões".

Na terça-feira de manhã, foram realizadas buscas em vários gabinetes do Governo, incluindo na residência oficial de São Bento, em Lisboa, visando o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária.

O Ministério Público anunciou mais tarde que estão em causa investigações sobre projetos de lítio e de hidrogénio e que o primeiro-ministro é alvo de inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça.

António Costa apresentou a demissão de primeiro-ministro, declarando-se de "cabeça erguida" e "consciência tranquila", mas defendendo que "a dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e, menos ainda, com a suspeita da prática de qualquer ato criminal".

O Presidente da República aceitou o pedido de demissão e comunicou que irá falar ao país na quinta-feira, depois de ouvir os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado.

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