Foi ao som do Tchiloli, uma manifestação cultural que São Tomé e Príncipe quer ver declarada património imaterial da humanidade, que Carlos Vila Nova lançou o repto sobre o futuro do evento que este ano reúne artistas e coletivos de mais de 10 países em São Tomé.

"O que é importante neste momento é encontrarmos uma forma de perenizar a bienal. Perenizá-la não pode ser apenas iniciativa de uns, de criadores, de fabricadores de ideias, mas de todos nós. Eu acho que é altura de todos nos envolvermos", defendeu Carlos Vila Nova.

O chefe de Estado são-tomense sublinhou que o esforço para a continuidade da bienal "ultrapassa a coragem e a dedicação que já demonstraram os seus organizadores", nomeadamente a Associação Roça Mundo, coordenada pelo promotor cultural são-tomense João Carlos Silva.

"A dimensão e grandeza da bienal traduz-se hoje como [um] dos maiores eventos culturais e artísticos realizados em São Tomé e Príncipe. Une vários artistas oriundos de países amigos e da sub-região, reaproxima povos e culturas em solo são-tomense", disse Carlos Vila Nova.

O Presidente são-tomense acrescentou que "a bienal constitui também uma espécie de veículo" que cria condições para funcionar como "um verdadeiro entreposto cultural e laboratório de criação artística para o espaço lusófono e para a sub-região" africana.

O evento teve abertura na Roça Água Izé, uma antiga empresa agrícola do período colonial, que a Roça Mundo, em parceria com outras organizações são-tomenses e estrangeiras, pretende transformar numa "micro-cidade rural", para a criação de emprego e promoção de projetos de educação em várias áreas, e promoção da cidadania ativa e participativa.

"Os são-tomenses têm de aprender a sonhar", defendeu o promotor da bienal, João Carlos Silva, sublinhando a necessidade de apropriação local do património e projetos para o desenvolvimento socioeconómico do arquipélago.

Sobre o apelo lançado pelo Presidente são-tomense para mais apoios à realização da bienal nos próximos anos, João Carlos Silva considerou que o chefe de Estado disse "o que lhe vai na alma" e que vai na alma de muitos são-tomenses.

"Perenizar um evento como este, uma instituição como essa, precisa de algum envolvimento maior da parte do próprio Estado, ou seja, em cada Orçamento Geral do Estado, que é pequeno, inscrever uma rubrica sobre a bienal, como evento que também ajuda a transformar a economia de São Tomé e Príncipe, através do turismo cultural, e através da entrada e vinda de tanta gente que demanda já o país quando sabem que acontecer um evento desta natureza", defendeu João Carlos Silva.

 A décima bienal de São Tomé e Príncipe tem o tema "À (re)descoberta de nós -- da História ao Património Comum, das Utopias ao Futuro" e, segundo a organização, conta com a participação de artistas e coletivos de mais de uma dezena de países, nomeadamente de Cabo Verde, Togo, Gabão, RDCongo, França, Portugal, Holanda, Angola, Senegal, São Tomé e Príncipe, Inglaterra e Brasil.

Numa nota enviada à Lusa, a Direção-Geral das Artes (DGARTES) de Portugal referiu que estarão presentes 11 artistas/projetos "através da celebração de um acordo de cooperação internacional entre a DGARTES e a entidade organizadora da Bienal", no valor de 30 mil euros.

 

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