Hasina deixou o país num helicóptero militar às 14:30 locais (09:30 em Lisboa), acompanhada pela irmã mais nova, Sheikh Rehana, noticiou o jornal local Prothom Alo.

Fontes citadas pelos meios de comunicação social disseram que partiram para Bengala Ocidental, na Índia.

Momentos depois destas informações terem sido avançadas pelos 'media' locais, uma fonte próxima da governante, citada pela agência francesa AFP, confirmou que Sheikh Hasina tinha saído da capital do país, Daca, de helicóptero, antes de milhares de manifestantes invadirem o palácio governamental.

"A equipa de segurança pediu-lhe que saísse, ela não teve tempo para se preparar", disse a mesma fonte, acrescentando que a política saiu do local numa coluna de veículos e posteriormente "foi retirada (da capital) de helicóptero".

Milhares de pessoas reuniram-se hoje em frente à residência oficial da primeira-ministra em Daca.

Depois de a notícia da sua partida se ter tornado pública, muitas delas invadiram e pilharam o edifício, segundo as imagens transmitidas pelos canais de televisão.

O Canal 24 do Bangladesh mostrou imagens de dezenas de cidadãos na residência oficial, Ganabhaban, a transportar mobiliário, frigoríficos e loiça, num clima de vitória.

Muitos deles pararam para acenar para as câmaras de televisão, de braços erguidos, após meses de protestos.

Os manifestantes tinham saído à rua apesar do recolher obrigatório decretado pelo Governo na noite passada, em resposta a mais um dia de violência no contexto dos protestos estudantis que começaram há cinco semanas.

Os serviços de banda larga e de Internet móvel também foram interrompidos durante cerca de duas horas na segunda-feira, de acordo com a organização independente de vigilância da cibersegurança NetBlocks.

A renúncia de Hasina segue-se a cinco semanas de protestos estudantis que começaram pacificamente mas que se tornaram violentos devido a alegações de uma dura repressão policial contra os manifestantes.

Cerca de 300 pessoas, na sua maioria estudantes e civis, foram mortas durante os violentos confrontos que mergulharam o Bangladesh num clima de caos.

Os protestos dos estudantes começaram por exigir o fim das quotas no emprego público, que consideram discriminatórias num dos países mais pobres do mundo, mas acabaram por exigir a demissão de Hasina e do seu governo após a morte dos manifestantes.

Hasina assumiu o poder em janeiro para um quarto mandato consecutivo, depois de ter ganho umas eleições que foram boicotadas pela oposição.

 

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