O produtor e músico norte-americano Sean “Diddy” Combs tem violado as regras da prisão ao contactar potenciais testemunhas no julgamento por tráfico sexual, alegam os procuradores.

O rapper, de 55 anos, foi detido a 16 de setembro em Nova Iorque e vai ser julgado pelos crimes de crime organizado, tráfico sexual e tráfico de seres humanos, pelos quais se declarou inocente.

A acusação alega que o magnata da música coagiu e abusou de mulheres durante anos, com a ajuda de uma rede de associados e funcionários, enquanto usava chantagem e atos violentos, incluindo raptos, incêndios e espancamentos físicos, para impedir as vítimas de se manifestarem.

De acordo a BBC, “Diddy” é acusado de fazer “esforços incansáveis” para “influenciar de forma corrupta os depoimentos das testemunhas”, utilizando as contas telefónicas de outros reclusos e fazendo chamadas de três vias para falar com pessoas que não constam da sua lista de contactos aprovados.

Os procuradores afirmaram que uma análise das chamadas gravadas revelou também que “Diddy” deu instruções à sua família para contactar potenciais testemunhas no caso.

As (falhadas) tentativas de fiança

Conhecido por êxitos como “I'll Be Missing You” e “Mo' Money, Mo' Problems”, o músico viu ser-lhe, desde a detenção, negada a possibilidade de sair sob fiança, com vários juízes a invocarem o risco de adulteração de testemunhas.

Os advogados fizeram, na semana passad, uma nova tentativa, propondo um pacote de 50 milhões de dólares que permitiria a Combs ser monitorizado 24 horas por dia por uma equipa de segurança, enquanto estivesse em prisão domiciliária.

Uma das advogadas do rapper, Alexandra Shapiro, argumentou que era impossível o músico preparar-se para o julgamento atrás das grades devido à quantidade “incrivelmente volumosa” de material a rever, especialmente sem um computador portátil.

Além disso, disse que a preparação do músico tem sido dificultada pelas condições da prisão, incluindo os frequentes encerramentos e o facto de os agentes lhe retirarem as canetas que utiliza para tomar notas.

A detenção está a privar “Diddy” de “qualquer oportunidade real de estar pronto para o julgamento, violando os seus direitos ao abrigo da Constituição dos Estados Unidos da América", afirmou Shapiro.

Em resposta, os procuradores argumentaram que o pedido de fiança deveria ser negado, alegando que Combs “apresenta sérios riscos de perigo e de obstrução do processo”.

Esforços para “influenciar um potencial júri”

Lucas Jackson

Os documentos do tribunal acusam a estrela de orquestrar publicações nas redes sociais para “influenciar um potencial júri” no julgamento.

Como exemplo dão um declaração no Instagram publicada por uma mulher conhecida apenas como “testemunha dois”, contrariando as alegações feitas pela cantora Dawn Richard num processo contra Sean “Diddy” Combs.

Os procuradores alegam que a declaração foi redigida com a ajuda de Combs através de “várias mensagens de texto” e “várias chamadas” que fez a partir da prisão, considerando ainda que o rapper "pagou à testemunha dois, depois de ela ter publicado o seu depoimento”.

Um vídeo publicado pelos sete filhos da estrela no dia 5 de novembro foi também citado como prova de uma “estratégia de relações públicas para influenciar este caso”.

O vídeo, que foi divulgado por vários meios de comunicação social, mostrava a família a desejar um feliz aniversário a “Diddy” durante uma chamada telefónica da prisão.

“O arguido monitorizou os dados analíticos - ou seja, o envolvimento do público - e discutiu explicitamente com a sua família de forma a garantir que o vídeo produzia o efeito desejado nos potenciais membros do júri deste processo”, afirmou o Ministério Público.

Sean “Diddy” Combs foi também acusado de utilizar as contas telefónicas de pelo menos oito outros reclusos para fazer chamadas, o que é proibido de acordo com os regulamentos da prisão, bem como de “dar instruções a outros” para orquestrar o pagamento deste acesso.

Os procuradores caracterizaram a estrela como “implacável”, dado os seus esquemas para “contactar potenciais testemunhas, incluindo vítimas dos seus abusos, que poderiam prestar um testemunho poderoso contra ele.

Para além disso, os procuradores afirmaram que Combs "tem demonstrado uma capacidade extraordinária de levar os outros a cumprir as suas ordens - empregados, membros da família e reclusos [da prisão]”, considerando que “não há razão para crer que o pessoal da segurança privada seja imune”.

Os procuradores também rejeitaram as críticas às condições do Centro de Detenção Metropolitano em Brooklyn, citando uma entrevista do advogado da estrela, Marc Agnifilo, que disse que “a comida é provavelmente a parte mais difícil” da adaptação de Combs à vida atrás das grades.