Um estudo recentemente divulgado pelo Centro Internacional da Batata(CIP) de Pequim revelou que as alterações climáticas estão a impactar a produção de batatas na China. Durante a experiência, foram cultivadas batatas num ambiente que simulava temperaturas mais elevadas, projetadas para o futuro. O resultado? Uma colheita de tubérculos mais pequenos do que o normal, pesando apenas 136 gramas, ou seja, menos da metade de uma batata típica chinesa.
A diferença de alguns graus Celsius "teve um impacto significativo", referiu, em entrevista à Reuters, o biólogo molecular Li Jieping, alertando que isso pode prejudicar a segurança alimentar no país, o maior produtor mundial de batatas, dado que "os agricultores colherão menos tubérculos".
A pesquisa, que se concentrou nas duas variedades mais comuns da China, mostrou que o aumento de 3.ºC acima da temperatura média anual acelerou o crescimento dos tubérculos em 10 dias, mas reduziu a produção em mais de 50%, revelou o estudo publicado na revista Climate Smart Agriculture.
A crise climática já está a afetar os agricultores, que enfrentam fenómenos climáticos extremos, como chuvas fortes que dificultam a colheita.
Os agricultores chineses estão a exigir cada vez mais variedades de batata que ofereçam maior rendimento e resistência a doenças, especialmente à requeima, que provocou fome de batatas na Irlanda no século XIX.
"Novas estirpes mais agressivas de requeima começaram a surgir, e estas têm se mostrado mais resistentes aos métodos tradicionais de prevenção e controlo", explicou Li Xuem, gerente geral da Yakeshi Senfeng Potato Industry Company.
O biólogo molecular reforçou a necessidade urgente de adaptação e, por isso, a sua equipa iniciou a colheita de pólen das flores brancas de batata com o objetivo de desenvolver novas variedades mais resistentes ao calor.
"A realidade é que as alterações climáticas estão a acontecer”, concluiu, mencionando que, sem soluções eficazes, o rendimento agrícola pode cair.
Li Jieping também deixou um aviso aos agricultores chineses sobre a necessidade de adaptarem as suas práticas nos próximos anos, sugerindo a plantação durante a primavera em vez de no início do verão, ou mudarem-se para altitudes ainda mais elevadas para fugir ao calor.