"São professores das escolas secundárias Joaquim Chissano, Ndambine 2000 e Marien Ngouabi", afirmou à Lusa o porta-voz da Anapro em Gaza, Marcos Mulima, acrescentando que continuam em greve, pelo menos na província, professores de duas outras escolas.

Entre outros aspetos, do caderno reivindicativo dos professores constam reclamações sobre atrasos no pagamento de horas extraordinárias de dois meses e 18 dias de 2022, de todo o ano de 2023 e do primeiro trimestre de 2024, bem como "melhor enquadramento" na Tabela Salarial Única (TSU).

Em uma carta dirigida à administração do distrito de Xai-Xai, os cerca de 100 professores da Escola Secundária Joaquim Chissano indicam que retomaram as aulas "devido à pressão exercida pela sociedade" e pelos encarregados de educação.

"Esta retoma representa um período em que vamos aguardar pelos pronunciamentos das entidades governamentais notificadas pela Provedoria de Justiça em relação a esta matéria", lê-se no documento assinado em 26 de junho pelos professores, que ameaçam voltar à greve em 31 de julho, caso a situação prevaleça.

"Como profissionais, sentimos as preocupações dos encarregados de educação, mas tínhamos de continuar a pressionar para ver a nossa situação resolvida", esclareceu Felisberto Mafuiane, um dos professores da Escola Secundária Joaquim Chissano, em conversa telefónica com a Lusa.

Em 31 de janeiro, a ministra da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique admitiu que as reivindicações dos professores para o pagamento de horas extraordinárias em atraso são "legítimas", assegurando que o Governo vai cumprir as obrigações que tem para com a classe.

"O que eles estão a reivindicar é efetivamente legítimo e é um assunto que nós conhecemos (...). Há esforços no Governo para, efetivamente, pagar estas horas extras", afirmou Carmelita Namashulua, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia oficial do arranque do ano letivo de 2024.

Em 17 de abril, o primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, disse que o Governo já pagou 3,3 milhões de euros de horas extraordinárias aos professores, alertando para "reivindicações de remunerações sem fundamento".

"No setor da educação, foi validada uma dívida no valor de 361,6 milhões de meticais [5,3 milhões de euros], tendo já sido pago um montante 227,4 milhões de meticais [3,3 milhões de euros] em subsídios de horas extraordinárias", afirmou Maleiane, falando na Assembleia da República durante a sessão de respostas do executivo às perguntas dos deputados.

EAC // JMC

Lusa/Fim