Segundo a Emissora Católica de Angola, violações e assassínios de 16 idosas camponesas em campos agrícolas no município do Cazengo, no Cuanza Norte, foi o mote da manifestação de domingo, reprimida pela polícia local e que resultou em várias detenções.

A morte de idosas naquelas circunstâncias já perduram há um ano e os cidadãos saíram à rua em protesto, pedindo justiça, mas a marcha foi travada pela polícia local, que disparou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, relatou a emissora.

Vários cidadãos foram detidos na sequência da marcha reprimida pela polícia, incluindo dois deputados da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) e um jornalista que fazia a cobertura do evento, posteriormente postos em liberdade.

"Há manifestantes que até ao momento continuam desaparecidos e duas pessoas foram atingidas por disparos da polícia", disse o deputado da UNITA Francisco Falua à imprensa.

O grupo parlamentar da UNITA, em comunicado, condenou a detenção dos deputados Francisco Falua e João Quipipa Dias, que diz terem sido vítimas de violência policial e de detenção ilegal, enquanto exerciam direitos fundamentais protegidos pela Constituição.

Segundo a UNITA, nos últimos 12 meses aquela província registou 16 assassínios e, até ao momento, nenhum crime foi esclarecido, referindo que as vítimas são todas do género feminino e que existe no Cuanza Norte um clima de "indignação, terror e medo".

Este partido político exortou ainda o ministro do Interior a "mandar imprimir celeridade" às investigações dos crimes de homicídio "repetidas vezes denunciados e nunca esclarecidos" na província.

O porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional no Cuanza Norte, Edgar Salvador, citado pelo Jornal O País, deu conta que foram já detidos dois presumíveis autores alegadamente envolvidos nos referidos homicídios.

Em comunicado, a polícia local esclarece que foram chamados no domingo a repor a circulação da Estrada Nacional 230, bloqueada "por pessoas desconhecidas", que se insurgiram quando os agentes procuravam assegurar a reposição da ordem.

A polícia adiantou que seis cidadãos foram encaminhados para a esquadra mais próxima e, depois de devidamente identificados, aperceberam-se da presença de dois deputados que foram "imediatamente" postos em liberdade.

DAS // JMC

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