O Partido Comunista Português (PCP) afirma que a sessão de comemoração do 25 de Novembro no Parlamento faz parte de uma “operação de falsificação e deturpação da História”. A líder parlamentar comunista, Paula Santos, fala emprovocação e ajuste de contas” com o 25 de Abril e critica o Presidente da República por se ter associado a ela.

O PCP esteve ausente, esta segunda-feira, da sessão solene na Assembleia da República para assinalar o 25 de Novembro de 1975. Em declarações aos jornalistas, esta tarde, no Parlamento, a líder parlamentar do partido explicou que os comunistas se opuseram, desde o primeiro momento, a que esta cerimónia acontecesse porque veem nela uma forma de promoção de conceções reacionárias e fascizantes.

Esta sessão é parte integrante de operação de falsificação e deturpação da História”, atirou Paula Santos, afirmando que o objetivo a sessão era desvalorizar e menorizar” o 25 de Abrilde 1974, que instaurou o regime democrático.

"Querem tornar o 25 de Novembro no que não foi"

Se, para a deputada comunista, “sempre houve quem quisesse reescrever a História”, agora, a ofensiva atingiu um novo patamar, ao procurar legitimação institucional. Legitimação essa que, diz, foi tarefa dos partidos que viabilizaram esta sessão soleneproposta pelo CDS, e aprovada pelo PSD, pelo CDS e pela Iniciativa Liberal– mas também do Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que nela participou e discursou.

“Querem tornar o 25 de Novembro naquilo que não foi”, aponta Paula Santos, frisando que foi o 25 de Abril que trouxe “a democracia, a liberdade e os direitos”, e não o 25 de Novembro, que apelida de "golpe contrarrevolucionário”.

“Gostavam que [o 25 de Novembro] tivesse colocado em causa o regime democrático e ilegalizado o PCP”, acusa a deputada comunista, que fala numa provocação” e num “ajuste de contas” da direita com a revolução de Abril.

PCP promete opor-se a nova cerimónia

Paula Santos sublinha que o PCP vai continuar a excluir-se de ações como a que decorreu, esta segunda-feira, no Parlamento – e que lutará mesmo para que ela não volte a realizar-se, como é previsto que aconteça durante o resto da legislatura.

“Estaremos cá para que, assim que possível, ela deixe de ser realizada”, concluiu.

A Assembleia da República assinalou, pela primeira vez, esta segunda-feira, o 25 de Novembro de 1975, numa sessão solene com os mesmos moldes das comemorações da revolução de 25 de Abril de 1974. A celebração da data dividiu os partidos - além do PCP, que faltou, o Bloco de Esquerda fez-se representar simbolicamnete por uma única deputada e no PS foram vários os deputados que não assinaram o livro de presenças.