A líder parlamentar do PS afirmou hoje que a mensagem de Natal do primeiro-ministro "contrasta com a realidade", com as medidas tomadas pelo Governo que "cavalgam uma perceção de insegurança" e com a opinião do Presidente da República.

"Não vale a pena traçar um quadro eleitoralista de um país que não é o que os portugueses conhecem", acusou Alexandra Leitão, numa reação à mensagem de Natal do primeiro-ministro na sede nacional do PS, no Largo do Rato, em Lisboa.

Para a líder parlamentar do PS, a mensagem de Natal de Luís Montenegro contrasta com a de Marcelo Rebelo de Sousa, que num artigo no Jornal de Notícias, hoje publicado, defendeu ser necessário "promover a igualdade e afastar as exclusões".

"Foi a mensagem do Presidente da República com a qual o PS não podia estar mais de acordo", destacou.

Pelo contrário, acusou, o Governo PSD/CDS-PP "cavalga uma perceção de insegurança que não é real e aproveita para entrar numa deriva de populismo totalitário".

Na sua primeira mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, Luís Montenegro defendeu que 2024 foi "um ano de viragem" e incluiu nas prioridades para o futuro a promoção de uma "imigração regulada" e o combate à criminalidade -- sem ligar os dois temas -, a par do reforço dos serviços de saúde, educação, transportes e da execução do "maior investimento em habitação pública desde os anos 90".

Para Alexandra Leitão, este discurso contrasta com medidas recentemente aprovadas pelos partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, "ao excluírem do direito à saúde imigrantes que estejam em vias de regularização", e com a mensagem que Marcelo Rebelo de Sousa pretendeu hoje passar ao país.

Num artigo de opinião publicado no Jornal de Notícias, o Presidente da República apelou para que se recuse o "monopólio da verdade" e se superem "discriminações injustas" e sublinhou que para muitos o dia de hoje é apenas "o Natal possível".

Para Alexandra Leitão, a mensagem de Natal do primeiro-ministro pretende "desviar a atenção da circunstância deste Governo não estar a resolver o problema dos portugueses"

"O sr. primeiro-ministro falou em habitação, falou em saúde: este Natal houve mais urgências obstétricas fechadas do que nos últimos anos, ontem ou anteontem tivemos notícias de que o preço das habitações subiram a valores recorde, impossibilitando a classe média de comprar casa, na educação continuamos a ter milhares de alunos sem professores", criticou.

"A verdade é que já lá vão vários meses, vários 'powerpoints' várias medidas e quando vamos perceber o que é que já foi feito (...) claramente não estão a ter resultados", acrescentou.

Para a líder parlamentar do PS, numa época como o Natal a mensagem a destacar deveria ser "a necessidade de humanismo, de solidariedade e de investir no Estado de Direito e no Estado Social".

Questionada se discorda da prioridades de Montenegro dada à segurança, Alexandra Leitão respondeu que o PS considera a segurança "um valor máximo e uma das tarefas primordiais do Estado".

"Mas a segurança obtém-se essencialmente através de polícia de proximidade, através de medidas de integração e também, já agora, de combate à violência doméstica, que é o crime que mais mata em Portugal", afirmou.

A líder parlamentar do PS acrescentou que o seu partido subscreve a importância do combate ao tráfico de droga aos crimes violentos, mas defendeu que não foi isto que esteve na base da operação policial no Martim Moniz na semana passada, alvo de muitas críticas.

"Aquilo que o primeiro-ministro, diretamente o primeiro-ministro, pretendeu com a operação especial que levaram a cabo a semana passada foi ter visibilidade, foi fazer propaganda política, foi instrumentalizar as forças policiais e com isso o PS não concorda", realçou.