O líder parlamentar do PSD acusou hoje a oposição de querer "criar um caso" e "uma polémica estéril" sobre o adiamento da agenda festiva do Governo para assinalar o 25 de Abril, devido ao luto nacional pelo Papa Francisco.

"O Governo participou e participará nas cerimónias do 25 de Abril. A única coisa que o Governo adiou - e creio que qualquer português entende - foram os concertos de festa que iam acontecer na residência oficial do primeiro-ministro", afirmou Hugo Soares, em declarações aos jornalistas no parlamento, no final da sessão solene do 25 de Abril.

O líder parlamentar e secretário-geral do PSD defendeu que "não é compaginável haver concertos de música e festividades ao mesmo tempo que o Governo e o Presidente da República decretaram luto nacional", entre quinta e sábado pela morte do Papa Francisco.

Hugo Soares salientou que os jardins de São Bento estão hoje abertos para visitas ao público e disse que "a esta hora, há já muitos portugueses" a vista-los, e recordou que os concertos foram adiados para o 1.º de Maio.

"Eu creio que essa polémica nasceu porque os partidos da oposição, não tendo mais nada para oferecer ao país - e digo isto lamentando profundamente a polémica que se gerou - quiseram criar um caso à volta de uma circunstância que não existe", afirmou, falando mesmo de uma "polémica estéril".

Questionado se não reconhece um erro de comunicação do Governo, Hugo Soares respondeu: "Se quer que o líder parlamentar do PSD seja humilde e reconheça que alguém interpretou mal aquilo que foi a declaração do Governo, eu não tenho problema nenhum com isso", disse, recusando qualquer "marcha-atrás" por parte do executivo.

"O Governo não anunciou coisa diferente daquilo que eu estou aqui a reiterar. Se as palavras do ministro da Presidência foram mal interpretadas porque não usou as melhores, com toda a humildade do mundo, podemos reconhecer, nisso não tenho problema nenhum", disse.

E insistiu: "O ponto é que não há caso, e o caso só foi criado, porque a oposição quis no fundo, dizer que o Governo estava a não querer celebrar o 25 de Abril, quando isso nunca esteve em causa".

Na quarta-feira, no final do Conselho de Ministros, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, anunciou que o Governo cancelou toda a "agenda festiva" e adiou as celebrações relativas ao 25 de Abril, alegando que o luto nacional pelo Papa Francisco implica reserva nas comemorações, decisão que mereceu críticas de toda a esquerda.

Hoje no final da sessão solene que assinalou também os 50 anos das eleições para a Assembleia Constituinte, a líder parlamentar da IL, Mariana Leitão, elogiou o discurso do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, referindo que "lembrou e enalteceu o trabalho dos invisíveis, dos que estão nos bastidores e que contribuíram de forma decisiva para todo o processo democrático".

Frisando que hoje se está a celebrar a democracia e a liberdade, Mariana Leitão ressalvou, contudo, que "não há dúvida que o país está numa situação complicada e os portugueses querem mudança".

"E, para isso, temos uma ótima oportunidade daqui a pouco tempo, no dia 18 de maio, para que todos possam dirigir-se às urnas, expressar o seu voto, essa vontade de mudança para um futuro diferente e para um país melhor", referiu.