O Presidente russo aterrou nesta segunda-feira na Mongólia, na sua primeira visita a um estado-membro do Tribunal Penal Internacional (TPI) desde que enfrenta um mandado de detenção, emitido em março de 2023.
Após a confirmação da viagem, na semana passada, vários governos internacionais, incluindo o da Ucrânia, lembraram à Mongólia que, como signatária do Estatuto de Roma, é obrigada a cumprir todas as ordens provenientes do tribunal sediado em Haia. As autoridades mongóis não fizeram comentários nos últimos dias, mas o Kremlin já deixou claro que não está preocupado.
A porta-voz da União Europeia para a Política Externa, Nabila Massrali, reconheceu em conferência de imprensa que o país, “tal como outros países, tem o direito de desenvolver laços internacionais de acordo com os seus interesses”, mas sublinhou existir “um mandado de captura contra Putin, emitido pelo TPI, pela deportação e transferência ilegal de milhares de crianças ucranianas dos campos de refugiados da Ucrânia”.
Outras notícias do dia:
⇒ A Rússia lançou durante a madrugada um ataque com drones, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos contra Kiev, informou a força aérea ucraniana, o que levou a população a procurar refúgio em abrigos antiaéreos. O presidente da câmara de Kiev, Vitalii Klitschko, disse que os serviços de emergência foram chamados aos distritos de Holosiivskyi e Solomianskyi. “Haverá uma resposta para tudo. O inimigo vai senti-lo”, publicou no Telegram o chefe do gabinete presidencial, Andrii Yermak, após o ataque.
⇒ Volodymyr Zelensky defendeu que os aliados ocidentais da Ucrânia deveriam não só permitir que as suas armas fossem utilizadas em ataques contra o interior da Rússia, mas também fornecer mais armas aos ucranianos. Após uma reunião em Zaporíjia com o primeiro-ministro dos Países Baixos, o Presidente ucraniano disse que Kiev está “mais otimista” quanto às perspetivas de obter essa autorização. “Hoje, apenas permitir, também não é suficiente”, afirmou, citado pela Reuters, acrescentando que os aliados devem garantir a entrega de armas para serem utilizadas nos ataques.
⇒ No mesmo sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano instou os parceiros de Kiev a autorizarem ataques de longo alcance contra a Rússia. “Os regimes de Pyongyang e Moscovo não têm restrições quanto a ataques de longo alcance contra qualquer ponto da Ucrânia. No entanto, ao defender-se destas duas máquinas de guerra bárbaras, a Ucrânia é forçada a lutar de mãos atadas atrás das costas. Não é absurdo?”, questionou Dmytro Kuleba numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
⇒ O Presidente russo ameaçou os soldados ucranianos que estão a atacar a região russa de Kursk desde o início de agosto. “Temos de tratar desses bandidos que entraram no território da Rússia, na região de Kursk, e que estão a tentar desestabilizar a situação nos territórios fronteiriços como um todo”, declarou Vladimir Putin durante uma reunião com estudantes. Ainda assim, o líder russo sublinhou que a Ucrânia “não alcançou a principal tarefa [a que] se propôs: travar a ofensiva [russa] no Donbass”, no leste ucraniano.
⇒ O chefe da diplomacia da União Europeia condenou os bombardeamentos russos “sem piedade” dos últimos dias contra alvos civis na Ucrânia, insistindo no apoio à autodefesa ucraniana. “Nos últimos dias, a Rússia tem bombardeado sem piedade alvos civis na Ucrânia: um centro desportivo e um centro comercial em Kharkiv, um orfanato em Sumy, uma central elétrica em Kiev. As plataformas militares destes ataques não devem ficar fora dos limites”, apontou Josep Borrell. “A Ucrânia tem direito à autodefesa, em conformidade com a Carta das Nações Unidas”, acrescentou.
⇒ A NATO reconheceu o direito dos Estados-membros de protegerem o seu espaço aéreo contra ataques, mas alertou para possíveis repercussões na Aliança se todos os países-membros começarem a abater mísseis russos na fronteira com a Ucrânia. “A NATO tem a responsabilidade de evitar que a guerra da Rússia continue a escalar”, salientou um porta-voz da Aliança. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Radoslaw Sikorski, afirmou em entrevista ao “Financial Times” que o país tem a “obrigação” de abater mísseis russos que possam sobrevoar o seu espaço aéreo.
Pode recordar os principais acontecimentos do dia anterior aqui.