Após meses de impasse e tensão, o Governo francês caiu perante uma moção de censura encabeçada pela aliança inusitada entre a esquerda e a extrema-direita. A queda do Executivo e o fracasso na tentativa de aprovação de um Orçamento do Estado podem vir a ter consequências na ajuda financeira prestada por França à Ucrânia. No mês passado, o presidente Emmanuel Macron reiterou que o apoio a Kiev era indefetível e seria mantido pelo tempo que for necessário, mas agora essa promessa pode não ser cumprida.

Em outubro, a França adiantou que iria fornecer às Forças Armadas ucranianas, no primeiro trimestre de 2025, aviões de combate modelo 'Mirage' equipados com novas capacidades militares. O anúncio foi feito pelo ministro da Defesa francês, Sébastien Lecronu, que poderá ser um candidato ao cargo de primeiro-ministro.

Na semana seguinte, Sébastien Lecronu anunciou que, afinal, o país não iria ser capaz de cumprir a meta prevista quanto à ajuda financeira enviada a Kiev.

"Politicamente, foi decidido no início de 2024 que essa ajuda poderia chegar aos três mil milhões de euros . Na realidade, estaremos acima dois dois mil milhões, mas não em três mil milhões de euros", disse Sébastien Lecronu, citado pelo POLITICO .

No início deste mês, a poucos dias da queda do Governo, ministro da Defesa francês voltou a referir o impacto no apoio da França à Ucrânia.

"Uma grande parte do apoio ucraniano é a transferência de equipamentos antigos do exército francês, que são então substituídos por novos equipamentos", disse ao jornal Le Parisien.
"Se desacelerarmos o pedido de novos equipamentos, teremos uma desaceleração nas entregas para a Ucrânia", acrescentou.

Na mesma entrevista, Sébastien Lecronu disse que, caso o Orçamento para o próximo ano não seja aprovado, o exército francês poderá perder cerca de três mil milhões de euros de investimento previsto para esta área.

Na rede social x (antigo Twitter), no dia seguinte à publicação da entrevista concedida ao Le Parisien, Sébastien Lecronu manifestou a sua preocupação com o impacto que a moção de censura teria para a própria defesa da França.