António Ramalho Eanes considerou este domingo que a morte do antigo presidente do FC Porto, Pinto da Costa, enlutou não só o clube, mas também a cidade, o futebol nacional e o país. Pinto da Costa considerava o ex-Presidente da República "o seu ídolo".

"Creio que a morte de Pinto da Costa terá enlutado não só o Futebol Clube do Porto, mas, também, a cidade do Porto e, ainda, o futebol nacional e, de certo modo, o país", salientou o antigo chefe de Estado numa mensagem enviada à agência Lusa.

Ramalho Eanes realçou que, com a morte, o FC Porto perdeu um "líder que o promoveu de clube regional a clube nacional, dominante, respeitado, também, no futebol europeu e, mesmo, mundial".

"Perdeu a cidade do Porto um portuense insigne e dedicado, que lhe ofereceu, além do futebol de exceção, vitórias e mobilização popular, um leque alargado de outras modalidades desportivas, de qualidade e sucesso também", destacou.

O ex-presidente da República considerou ainda que a cidade do Porto perdeu "um líder ímpar, que contribuiu para tornar mais coesa e personalizada a sociedade civil portuense e mostrar que uma liderança de sucesso, sustentado, tem de ser capaz de descobrir e aproveitar oportunidades, com ambicioso propósito e estratégias inteligentes e adequadas".

"Pinto da Costa era um homem que tinha, também, a grande virtude de manter, com os amigos, uma fidelidade e sensibilidade exemplares", sublinhou Ramalho Eanes, que apresentou à família do antigo dirigente desportivo as sentidas condolências.

A amizade de Ramalho Eanes e Pinto da Costa

Ramalho Eanes visitou Pinto da Costa no hospital, em novembro, quando o ex-presidente do FC Porto esteve internado.

O antigo Presidente da República viajou de Lisboa de propósito para o FC Porto, acompanhado pelo filho, para visitar o amigo portista.

Pinto da Costa ficou sensibilizado e feliz com a visita, que terá durando uma hora e meia.

Em diversas ocasiões, o antigo líder do FC Porto terá falado publicamente do antigo chefe de Estado. Uma delas foi em março, na apresentação do documentário "Senhor Presidente: o campeonato de uma vida" sobre a presidência no FC Porto. O antigo governante esteve presente, o que surpreendeu e sensibilizou Jorge Nuno Pinto da Costa.

Já mais recente, no livro "Azul até ao Fim", apresentado no final de outubro, na Alfândega do Porto, dedicou um capítulo ao antigo Presidente da República, que descreveu como "ídolo".

Pinto da Costa morreu aos 87 anos

Jorge Nuno Pinto da Costa morreu este sábado, aos 87 anos, vítima de cancro. O estado de saúde do ex-presidente do FC Porto deteriorou-se depois de uma longa batalha contra um cancro na próstata.

Morreu menos de um ano depois da derrota para a presidência do clube frente a André Villas-Boas.

A última vez que apareceu em público foi no final de dezembro, no estádio do Dragão, para assistir à vitória dos dragões sobre o Estrela da Amadora (2-0).

Antes disso tinha estado, em outubro, na apresentação do seu último livro. "Azul até ao fim", escrito em jeito de despedida, teve como ponto de partida o diagnóstico de cancro, em setembro de 2021.

A partir de então, e até ao momento em que lhe deram três meses de vida, foi-se preparando para o final, escondendo a doença dos mais próximos.

O velório de Pinto da Costa realiza-se este domingo, a partir das 18:00, na Igreja das Antas. O funeral decorre na segunda-feira, pelas 11:00.

Os convidados e os "traidores" que não queria no seu funeral

No livro "Azul Até Ao Fim", publicado em outubro passado, o ex-presidente do FC Porto elaborou uma lista de convidados para o seu funeral. A atual direção do emblema da Invicta não integra o lote de escolhidos.

Numa das passagens da última obra de Jorge Nuno Pinto da Costa, o antigo líder dos 'azuis e brancos' revelou que, para além dos elementos da atual direção do FC Porto, não pretendia contar com as presenças de alguns ex-atletas, tais como Antero Henrique, Hélton, Maniche, Eduardo Luís, André ou António Sousa, todos eles considerados "traidores".

"Poderia acrescentar mais nomes como Antero Henrique, Raul Costa, Joaquim Oliveira, Tiago Gouveia, Pedro Bragança, mas não é preciso porque estou certo de que não terão "lata" para lá ir", lê-se.

Por outro lado, Pinto da Costa fazia questão de ter no seu funeral outros nomes do universo portista:

"Gostava de ter ao meu lado: o António Henriques, o Pedro Pinho, o Quintanilha, o Fernando Póvoas, o Luís Gonçalves, o António Oliveira, o Hugo Santos, a Sandra Madureira, o Fernando Madureira, o Caetano e o Marcos Polónia."

Com Lusa.