Paulo Rangel, que está em Nova Iorque para participar na semana de alto nível da Assembleia-Geral das Nações Unidas, disse esta sexta-feira aos jornalistas que aproveitou esta deslocação para apostar nos contactos bilaterais para a candidatura portuguesa ao Conselho de Segurança, para o biénio 2027/2028.

"Nós fizemos aqui, especialmente nos contactos bilaterais, uma grande, grande, grande campanha para a nossa candidatura ao Conselho de Segurança, que será votada em 2026 e seria válida para o biénio 2027/2028. E o próximo passo será um regresso meu aqui à ONU para fazermos junto de todas Nações que estão aqui representadas o lançamento oficial da campanha. Ainda este ano", disse o governante aos jornalistas.
"A ideia é que o façamos no final de outubro, princípio de novembro", especificou o ministro dos Negócios Estrangeiros, admitindo que ao longo desta semana foi dado "um grande impulso na campanha bilateral", através de conversações "Estado a Estado".

Apesar de ainda "faltar muito tempo" para a eleição, Paulo Rangel avaliou tratar-se de uma "campanha difícil" e que, independentemente de "alguns votos garantidos", é necessário "trabalhar muito", tendo em conta "as mudanças geopolíticas que se vão dar, com as mudanças de Governos em cada Estado".

A eleição em causa para o Conselho de Segurança - um dos órgãos mais importantes das Nações Unidas, cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional - acontece em 2026, para o biénio 2027/2028.

Portugal tem como adversários diretos a Alemanha e a Áustria, numa disputa pelos dois lugares de membros não permanentes atribuídos ao grupo da Europa Ocidental e Outros Estados.

A candidatura foi formalizada em janeiro de 2013 e as eleições para o referido mandato realizam-se durante a 81.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 2026, ano em que António Guterres termina o segundo mandato de cinco anos como secretário-geral da ONU.

Paulo Rangel admitiu estar confiante na vitória de Portugal, mas destacou que, até à data da votação, a campanha portuguesa não pode "sequer descansar".

"Não vale a pena ter ilusões. Por mais que às vezes nos pareça que está tudo bem, como estamos num prazo longo e há muitas mudanças, sejam geopolíticas globais, sejam nos Governos de cada Estado, as orientações podem mudar e, portanto, é preciso uma espécie de compromisso permanente com a campanha. É isso que a diplomacia portuguesa vai fazer nos próximos dois anos", reforçou.

Num balanço da semana de alto nível da 79.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (UNGA79), Paulo Rangel considerou que a sessão deste ano foi "extremamente relevante" devido à aprovação do "Pacto para o Futuro", adotado no arranque da "Cimeira do Futuro", um evento projetado por Guterres em 2021 e apresentado como uma "oportunidade única" para mudar o curso da história e construir um "futuro melhor" para a humanidade.

O ministro considerou que a aprovação do Pacto por consenso foi uma "grande vitória" de Guterres, apesar de "inesperada", tendo em conta o "grande impasse" registado ao longo dos últimos anos em várias iniciativas das Nações Unidas.