"A forma como o processo de votação começou hoje é o prenúncio daquilo que são as irregularidades premeditadas, a começar primeiro pela exclusão dos membros de mesas de voto dos partidos políticos a todos os níveis", referiu o porta-voz da Renamo, Marcial Macome.

Em conferência de imprensa para fazer o ponto de situação sobre a votação que decorre em Moçambique, a Renamo apontou a exclusão de membros de mesa de voto em algumas mesas do distrito de Chibuto, na província de Gaza, nos distritos de KaMaxaquene e KaMavota, na cidade de Maputo, nos distritos de Gilé e Maganja da Costa, na Zambézia, e em alguns pontos da província de Maputo.

A Renamo denunciou igualmente "falta de credenciação" dos seus delegados de candidatura e apontou a suposta inutilização das credenciais que o partido previamente atribuiu aos seus membros para as eleições gerais.

"Constatamos o uso de urnas sem tampas nas várias assembleias ao longo do país e verificámos que ainda cedo já havia processo de enchimento", detalhou o porta-voz, referindo que casos foram registados na cidade de Maputo e na província de Nampula.

"Exortamos a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) a reparar de forma rápida estas irregularidades com vista a garantir um processo no qual os moçambicanos se revejam (...) É preciso que os órgãos eleitorais respeitem a vontade do povo", concluiu Marcial Macome.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) recenseou 17.163.686 eleitores para esta votação, incluindo 333.839 que vão votar em sete países africanos e dois europeus.

As eleições gerais de hoje incluem as sétimas presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

Concorrem à Presidência da República Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Daniel Chapo, com o apoio da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos, e Ossufo Momade, com o apoio da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição).

A publicação dos resultados da eleição presidencial pela CNE, caso não haja segunda volta, demora até 15 dias, antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.

A votação inclui legislativas (250 deputados) e para assembleias provinciais e respetivos governadores de província, neste caso com 794 mandatos a distribuir. A CNE aprovou listas de 35 partidos políticos candidatas à Assembleia da República e 14 partidos políticos e grupos de cidadãos eleitores às assembleias provinciais.

Segundo dados do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) foram credenciados, para acompanhar estas eleições, 11.516 observadores nacionais e 412 observadores internacionais, incluindo Missões de Observação Eleitoral da UE, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), entre outras organizações.

As eleições contam com mais de 184.500 membros de mesas de voto, distribuídos pelos 154 distritos do país (180.075) e fora do país (4.436).

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