
O presidente cessante da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, despediu-se, esta tarde, do plenário com um discurso em que sublinhou o “misto de grande emoção, mas também de enorme satisfação” com que deixa o cargo. “Emoção, porque não é fácil deixar para trás cinco anos de intenso trabalho, com uma equipa fantástica, um corpo de funcionários empenhado e um grupo de deputados no qual fiz amigos para toda a vida. Deixo amigos em todos os partidos e, se não me engano, não deixo nenhum inimigo. Quando muito, julgo deixar leais adversários”, referiu o agora deputado do CDS.
Rodrigues distribuiu agradecimentos: ao CDS e ao povo da Madeira por lhe terem permitido um percurso de 30 anos como deputado; ao Representante da República pela “exemplar cooperação institucional” e “a forma sempre elevada como tratou os representantes do nosso povo, respeitando e relevando os poderes e competências deste órgão legislativo”; ao presidente do Governo pela “colaboração respeitosa que manteve com o Parlamento” e pela “disponibilidade para responder politicamente perante os deputados, nomeadamente com a realização dos debates mensais”; aos jornalistas, por “terem levado aos seus públicos, com rigor e imparcialidade, toda a actividade legislativa, em particular as sessões plenárias”; e aos funcionários da Assembleia e aos membros que integraram o seu gabinete da presidência.
O líder e deputado do CDS referiu que “é com satisfação do dever cumprido” que deixa o cargo de presidente do parlamento, em que procurou “honrar os meus antecessores e preparar caminho para o meu sucessor”. “Julgo ter cumprido o desígnio, anunciado desde a minha eleição como Presidente, de aproximar o Parlamento dos madeirenses que o elegem, e de abrir as portas aos seus verdadeiros donos: os cidadãos da Madeira e do Porto Santo”, disse Rodrigues, que entende que a Assembleia não deve ser apenas o principal órgão de Governo próprio e ter apenas como finalidade legislar mas deve ser “um polo de cultura, de investigação e de conhecimento, que merece e deve ser aprofundado por via do Instituto da Autonomia”.
Por fim, sublinhou que “num momento em que, fruto de várias circunstâncias, o centralismo parece ter regressado aos meandros da República, e mesmo da União Europeia, temos de reforçar a nossa luta pela Autonomia e pelos princípios da subsidiariedade, da coesão e da descentralização”. “Está na altura de reerguer a bandeira da Autonomia e de nos unirmos num Pacto político que permita forçar uma revisão da Constituição, que amplie os poderes e competências das Regiões, que permita um novo Estatuto Político-Administrativo e que nos traga uma nova Lei de Finanças que reforce a solidariedade nacional para com as ilhas, que possibilite a criação de um sistema fiscal próprio, que assegure que o Estado cumpre a continuidade territorial e que garanta que a República assume os custos da insularidade e da ultraperiferia”, acrescentou José Manuel Rodrigues, que promete que, agora nas funções de secretário regional da Economia, “os madeirenses e porto-santenses podem continuar a contar sempre” com ele “esta batalha por mais Autonomia e melhor Democracia”.
“Foi uma honra ter sido vosso Presidente. Foi um orgulho ter servido a Madeira no seu principal órgão de Governo próprio, durante 30 anos. Parafraseando um filme brasileiro, muito premiado, “Ainda estou aqui” - e aqui estarei, servindo a minha Madeira e o meu Portugal”, rematou.