Assinalando o aniversário do 25 de Abril, a quarta edição do festival desenvolve-se por quatro dias recheados de poesia, música, dança ou teatro, em propostas que chegam a Leiria em forma de declamação, conversas, mesas-redondas, concertos, apresentações, iniciativas comunitárias e ações de rua.

Depois de ter envolvido mais de 200 convidados de 40 países numa edição integralmente 'online' em 2021, a organização avançou que Ronda Leiria Poetry recupera o espírito original para levar a poesia a rondar pelas ruas da cidade e pelas salas de espetáculo, mercado, castelo, livraria, museu e cafés.

Manuel Alegre, Nuno Júdice, Maria do Rosário Pedreira, Aldina Duarte, Tozé Brito, Fernando Pinto do Amaral, Rita Taborda Duarte, António Carlos Cortez, Rosa Oliveira, João Paulo Esteves da Silva, Vitorino, UHF, Manuel João Vieira, Poetry Ensemble ou Iman Kandoussi são alguns dos participantes neste Ronda Leiria Poetry Festival, iniciativa da Câmara de Leiria e da Leiria Cidade Criativa da Música coordenada pelo poeta e ex-ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes.

Em Leiria, estarão ainda os poetas brasileiros Gabriela do Amaral e Ozias Filho, o angolano João Melo, a colombiana Lauren Mendinueta e o peruano-espanhol Alfredo Pérez Alencart.

Na música, destaque para os concertos de Vitorino, que estreia uma canção assinada por um poeta contemporâneo, e para o tributo a Zeca Afonso pelos UHF. Haverá ainda um recital dedicado a Fernando Lopes-Graça e a participação de Manuel João Vieira em modo "caixinha de surpresas musical".

A marroquina Iman Kandoussi mostra em Leiria música árabe-andalusí e em palco soma-se à poética bossa nova do Quarteto do Rio a orquestração da Filarmonia das Beiras.

Maria do Rosário Pedreira e Aldina Duarte conversam sobre fado e a parceria que as une, enquanto Tozé Brito recordará em Leiria décadas de canções que se tornaram famosas.

No campo da reflexão haverá quatro mesas-redondas e conversas com Nuno Júdice e Manuel Alegre. Será ainda lançado o n.º 5 da revista de poesia "Acanto".

Inspirada pelo verso de Miguel Torga "Que nem a terra nem o céu te domem", a programação contempla propostas paralelas que levam poesia às escolas, restaurantes, Instituições Particulares de Solidariedade Social, ao hospital de Leiria e até ao Estabelecimento Prisional de Leiria, onde decorrerá uma maratona de poesia com reclusos, guardas e técnicos.

Luís Filipe Castro Mendes considerou que Leiria Ronda Poetry Festival "constitui um evento cultural da maior importância e com um alcance único no país".

"Não só se juntam aqui aos poetas, nacionais e estrangeiros, a música, a dança, o teatro e demais artes performativas, como o nível dos debates e o importante trabalho de participação comunitária, levando os poetas e as palavras da poesia a escolas, hospitais e prisões, transformam o que poderia ser - e já seria muito - um mero encontro de poesia, num amplo encontro da poesia com as comunidades mais jovens e mais vulneráveis", destacou o curador.

Lembrando a "liberdade livre" proclamada por Rimbaud, Luís Filipe Castro Mendes considerou que na poesia mora uma das formas de defender a liberdade "de todas as ameaças que sobre ela pairam", através da "recusa de quaisquer discriminações por razões étnicas, religiosas ou de nacionalidade, da afirmação da plena igualdade entre homens e mulheres e do respeito pelas diferentes orientações sexuais. A palavra da poesia é a palavra da liberdade", concluiu.

 

MLE // SSS

Lusa/fim