
Volodymyr Zelensky "começou por rejeitar a proposta de um cessar-fogo de 30 dias para as férias da Páscoa", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, citada pela agência de notícias espanhola Europa Press.
Posteriormente, "aparentemente sob pressão dos seus diretores na Europa Ocidental, que continuam a fornecer-lhe armas, disse que, mesmo que só exteriormente, era necessário mostrar contenção e apoiou a proposta", afirmou.
Zakharova disse que "foram apenas palavras" e que o Ministério da Defesa russo documentou "4.900 violações da trégua por parte das forças armadas ucranianas em 30 horas".
As violações incluíram o lançamento de mísseis com sistemas HIMARS norte-americanos contra a região russa de Kursk, segundo a porta-voz.
"É como se Zelensky estivesse a preparar deliberadamente uma armadilha para os americanos, entre outros, ao utilizar armas americanas durante a Páscoa", afirmou.
Para a porta-voz da diplomacia de Moscovo, tais acontecimentos "demonstram mais uma vez a total incapacidade de Zelensky para negociar".
As declarações de Zakharova, divulgadas pela agência de notícias russa Interfax, surgiram horas depois de um ataque russo à capital ucraniana, Kiev, que fez pelo menos nove mortos e 70 feridos.
Zelensky condenou o ataque e disse que era "extremamente importante que o mundo inteiro" visse e compreendesse o que estava a acontecer, depois de acusar a Rússia de rejeitar propostas de cessar-fogo.
O chefe de Estado ucraniano disse que passaram 44 dias desde que Kiev concordou com um cessar-fogo total proposto pelos Estados Unidos.
"Há 44 dias que a Rússia continua a matar o nosso povo e a escapar a uma pressão firme e à responsabilização pelas suas ações", acrescentou, numa mensagem publicada nas redes sociais.
As críticas russas a Zelensky seguem-se às do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na quarta-feira o acusou de pôr em causa as negociações de paz com Moscovo ao recusar reconhecer a soberania russa na Crimeia.
"Não há nada para falar - é a nossa terra, a terra do povo ucraniano", afirmou Zelensky na terça-feira sobre a Crimeia, a península ucraniana no Mar Negro anexada pela Rússia em 2014.
Trump disse que "esta declaração é muito prejudicial para as negociações de paz com Rússia" e que a Crimeia "nem é um ponto em discussão".
O Presidente norte-americano acrescentou que "declarações inflamadas como a de Zelensky" estão a dificultar a resolução da guerra.
"A situação da Ucrânia é terrível - ele pode ter paz ou pode lutar por mais três anos antes de perder o país todo", acrescentou Trump, referindo-se a Zelensky.
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