De acordo com Farhan Haq, vice-porta-voz do secretário-geral da ONU citado pela AP, António Guterres afirmou que a guerra entre o exército sudanês e uma força paramilitar poderosa poderá destabilizar toda a região.

Nas suas declarações, António Guterres também condenou um ataque aéreo, no sábado, que as autoridades dizem ter matado pelo menos 22 pessoas em Omdurman, uma cidade no rio Nilo perto de Cartum.

O secretário-geral da ONU também lamentou a violência em larga escala, e as baixas na região ocidental de Darfur, que observou alguns dos piores combates no conflito atual, segundo o vice-porta-voz da ONU.

"Há um total desrespeito pelas leis humanitárias e de direitos humanos que é perigoso e perturbador", disse António Guterres.

Responsáveis da ONU já adiantaram também que a violência na região atingiu recentemente uma dimensão étnica, com as forças paramilitares (Forças de Apoio Rápido) e milícias árabes a atingirem tribos não árabes na região do Darfur, uma região extensa composta por cinco províncias.

Em junho, o governador do Darfur, Mini Arko Minawi, disse que a região estava a voltar ao genocídio do passado, referindo-se ao conflito que atingiu a região no início dos anos 2000, com aldeias e vilas inteiras arrasadas, forçando milhares de pessoas a fugir para o Chade.

O Egito afirmou hoje que irá albergar uma reunião na quinta-feira com os vizinhos do Sudão, visando estabelecer "mecanismos efetivos" para atingir a paz, segundo um porta-voz da presidência egípcia.

O Sudão mergulhou no caos após meses de tensão entre o general Abdel-Fattah Burhan, do Exército, e o seu rival, general Mohammed Hamdan Dagalo, comandante das Forças de Apoio Rápido paramilitares, que acabou em combates em meados de abril.

O ministro da Saúde, Haitham Mohammed Ibrahim, disse em junho que os confrontos mataram mais de três mil pessoas e feriram mais de seis mil, mas o número total de mortos deverá ser muito maior.

Mais de 2,9 milhões de pessoas fugiram de suas casas para zonas mais seguras dentro do Sudão, ou atravessaram a fronteira para países vizinhos, segundo números da ONU.

Os confrontos começaram 18 meses depois dos dois generais liderarem um golpe militar em outubro de 2021 que derrubou um Governo civil de transição apoiado pelo ocidente, arruinando as esperanças de uma mudança pacífica para a democracia, depois de deposto o ditador Omar al-Bashir, em abril de 2019.

JE // APN

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