A eleição vai colocar frente-a-frente a atual chefe de Estado, Maia Sandu, alinhada com o Ocidente e defensora da adesão ao bloco dos 27, e o antigo procurador-geral da República Alexandr Stoianoglo, que apela aos moldavos nostálgicos e desiludidos com o processo de integração para refazerem os laços com a Rússia.

Apesar de Maia Sandu ter conseguido mais votos do que Stoianoglo na primeira volta do escrutínio presidencial, realizada no dia 20, a margem foi pequena, o que indica que os seus ideais podem não estar a convencer uma parte considerável do eleitorado.

A atual chefe de Estado e os seus apoiantes alegam que Stoianoglo é suportado por poderosas figuras pró-Rússia, incluindo o antigo Presidente Igor Dodon e o oligarca Ilan Shor, que alegadamente criou uma rede de manipulação eleitoral na pequena república com a ajuda de Moscovo.

Por seu lado, Stoianoglo apresentou-se sempre como um moderado, tentando distanciar-se das acusações de lealdade à Rússia, mas as suas críticas às sanções que a UE impôs contra Moscovo e a recusa em participar no processo de integração no bloco dos 27 sinalizam um alinhamento próximo ao Kremlin (presidência russa).

Apesar de contar com o benefício de ainda estar no poder, Maia Sandu não tem a vitória dada como certa.

De facto, o terceiro candidato mais votado na primeira volta das presidenciais, Renato Usatii, decidiu não apoiar nenhum dos concorrentes à segunda volta, enquanto os restantes - Vasile Tarlev, Ion Chicu e Natalia Morari -, manifestaram todos o seu apoio a Stoianoglo.

Entretanto, o Tribunal Constitucional da Moldova validou na quinta-feira os resultados do referendo constitucional, realizado no mesmo dia do que a primeira volta das presidenciais, que foi ganho pelos partidários da adesão à UE por menos de um por cento.

No referendo estava em causa a inclusão do objetivo de adesão à UE na Constituição. Depois de contados 100% dos boletins de voto, o "sim" ganhou com 50,46% dos votos.

A vitória foi alcançada por uma curta margem e grande parte foi conseguida através da diáspora moldava, o que mostra que dentro do território o caminho escolhido pode não ser em direção ao Ocidente.

O resultado das eleições proporcionará uma visão sobre a resiliência democrática da Moldova e a vontade dos seus cidadãos de dar prioridade à estabilidade no quadro da UE ou a uma mudança no sentido das relações com a Rússia.

Ambas as direções têm implicações substanciais para o panorama económico, político e social da Moldova, mas também da Europa.

Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, a Moldova situa-se entre a Roménia e a Ucrânia.

A região separatista moldava da Transnístria ganhou destaque após o início da guerra na Ucrânia (em fevereiro de 2022) devido aos laços com a Rússia e à sua importante posição geoestratégica.

Kiev chegou mesmo a denunciar alegadas incursões russas na Ucrânia ocidental a partir da região separatista.

A Rússia mantém um contingente de 1.500 soldados na Transnístria, cujos separatistas pró-Moscovo controlam o território desde a guerra civil na Moldova, em 1992.

A Moldova candidatou-se à adesão à UE em março de 2022, tendo-lhe sido concedido o estatuto de país candidato em junho do mesmo ano. Em dezembro de 2023, os dirigentes da UE decidiram iniciar as negociações de adesão.

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