"Falei com o povo moçambicano e senti que há vontade de mudança. Todos os moçambicanos querem mudanças. E com o contacto que tivemos, sinto que estou numa posição aceitável para vencer este processo eleitoral", disse à agência Lusa na última ação de campanha, num dos bairros de Maputo, aquele que é também presidente do MDM, o terceiro partido representado no parlamento.

"Agora, eu espero e aguardo que este processo seja de facto transparente, justo, e que não haja intervenção da polícia, como nos habituaram", acrescentou.

Nos 45 dias da campanha para as eleições agendadas para quarta-feira, "em geral, sentiu-se que há uma intolerância política de quem governa o país", que, salienta, "não é de agora".

Simango garante que "esta intolerância política existe desde a primeira hora, da proclamação da independência nacional, em que muito moçambicanos, que não concordavam com o sistema, na altura, foram presos, deportados para os campos de reeducação", sendo que, depois dos acordos da paz, "mudaram de tática", que passa por "silenciar as pessoas".

"É por isso que nós queremos mudanças. Portanto, a intolerância política vai persistir enquanto este regime continuar. E mudança significa ter os 'vermelhos' [da Frelimo], como sempre os chamei, de saírem do poder", conclui, rodeado de apoiantes no bairro do Triunfo.

Moçambique realiza esta quarta-feira as sétimas eleições presidenciais, às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos, em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições.

Concorrem à Presidência da República Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição, Lutero Simango, apoiado pelo MDM, e Venâncio Mondlane, ex-membro e ex-deputado da Renamo, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), sem representação parlamentar.

*** João Carreira (texto) e Luísa Nhantumbo (foto), da agência Lusa ***

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