O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considera inaceitável a ideia de que a greve teria sido desconvocada pelo acordo alcançado entre o Governo e alguns sindicatos.

A dirigente nacional do SEP, Fátima Monteiro, revela, esta terça-feira, em declarações aos jornalistas, que o sindicato que lidera não participou nas negociações com o Governo porque não foi convocado. Lamenta também que a estrutura sindical não tenha sido convocada para uma reunião agendada para o dia 12 de setembro, que acabou por ser adiada.

"Continuámos à espera e ontem [segunda-feira] fomos surpreendidos com a notícia que veio a público, que tinham chegado a um acordo e adiantaram que a greve tinha sido desconvocada", refere.

Fátima Monteiro considera "inaceitável que esta informação tenha sido passada" e garante que "não é verdadeira".

Acrescenta que o SEP "continua à espera" da proposta do Ministério da Saúde e que a mesma "dê resposta" aos problemas que afetam a classe profissional.

Faltam 1.000 enfermeiros no Algarve

Sónia Lopes, a dirigente na delegação do SEP de Faro, sublinha que na região do Algarve faltam cerca de 1.000 enfermeiros e queixa-se ainda da degradação das condições de trabalho.

Aponta que nos últimos anos milhares de profissionais têm abandonado o país em busca de melhores condições e nota que o número de baixas por 'burnout' "aumenta todos os dias".

Greve arrancou às 08:00

Os enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde iniciam esta terça-feira dois dias de greve pela valorização da grelha salarial e por mecanismos que compensem o risco e penosidade inerentes à profissão, numa paralisação que coincide com outra dos médicos.

A greve, convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), arranca pelas 08:00 desta terça-feira e estende-se até às 24:00 de quarta-feira, ou seja, abrange os turnos da manhã e da tarde desta terça-feira e os da noite, manhã e tarde de quarta-feira, sob a forma de paralisação total ao trabalho programado, e abrange o Continente e a região autónoma dos Açores.

Além da alteração da grelha salarial da carreira de enfermagem, valorizando todos os níveis de todas as posições remuneratórias, a greve serve para defender a transição para a categoria de enfermeiro especialista de todos os enfermeiros que a 31 de maio de 2019 detinham este título.

O SEP pretende ainda que o reposicionamento remuneratório decorrente da transição de carreira "tenha tradução em acréscimo salarial para todos os enfermeiros" e exige igualmente a compensação decorrente do risco e penosidade inerentes à profissão, nomeadamente através de "condições especiais para aposentação" e da valorização do trabalho por turnos.