O terramoto sentido esta segunda-feira ao início da tarde na zona de Lisboa foi um “sismo de relativa baixa magnitude”, refere o diretor do Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Filipe Rosas, ainda que seja de assinalar a profundidade "baixa” e a “proximidade relativamente às zonas habitadas”.

À semelhança do que se sentiu em Lisboa em agosto de 2024, o abalo de hoje teve epicentro próximo da superfície e, por isso, com “impacto bastante grande”, acrescenta Filipe Rosas. O sismo ocorreu a sete quilómetros de profundidade e teve 4,6 de magnitude, embora a informação disponível não seja ainda totalmente clara. De acordo com o IPMA, o epicentro foi a 14 quilómetros a oeste-sudoeste de Seixal (no mar), mas o USGS (United States Geological Survey) assinalou o “epicentro em terra, na zona da Charneca da Caparica”.

Local de sismicidade com um registo “superior ao normal”

Este é um local onde já “ocorreu sismicidade”, esclarece o especialista em sismologia João Fontiela, do Instituto de Ciências da Terra, mas desta vez com uma magnitude superior ao “normal”. Uma magnitude 4,6 naquela região, refre, não é frequente. "A magnitude é sempre mais baixa, inferior aos dois e por volta dos dois”, explica.

O sismo desta segunda-feira não foi o único nas últimas 24 horas. “Não deixa de ser curioso que muito próximo deste sismo também ocorreu ontem [domingo] um sismo de magnitude 1,6, por volta das 22h48. Não podemos aqui falar se este sismo que ocorreu foi um sismo premonitório ou se foi um sismo em frente casual, portanto aleatório e aconteceu ali, mas o facto é que ocorreu”, sublinha João Fontiela.

Em causa estão fenómenos sísmicos “com potencial de libertação de energia, portanto, risco sísmico teórico mais baixo”, explica Filipe Rosas. “No entanto, são sismos que, como ocorrem dentro da fronteira de placas, ocorrem mais próximo das zonas povoadas e são sismos relativamente superficiais". Portanto, adianta o especialista, "apesar de libertarem menos energia, podem ter um potencial destrutivo importante, porque há uma diferença entre a libertação de energia e os seus efeitos”.

João Fontiela acrescenta que, com este sismo e considerando que não se registaram mais entretanto, o “sistema tectónico limpou as suas tensões”. Havendo mais,“era sinal de que realmente ainda havia tensão acumulada e que a partir daí ainda iria haver mais sismos". Mas,"pelo menos neste momento, não houve”, conclui.