
Foi no verão de 2023 que cinco pessoas morreram a bordo do submarino Titan. A expedição da OceanGate Expeditions tinha como objetivo ver de perto os destroços do famoso Titanic. Recentemente, a família de uma das vítimas abriu um processo judicial contra a empresa norte-americana avaliado em mais de 50 milhões de dólares. Esta alega que a tripulação passou por momentos de "terror e angústia psicológica" e estava ciente de que ia morrer antes da implosão.
A vítima em questão era Paul-Henri Nargeolet, um explorador francês que já tinha visitado os destroços do naufrágio mais de 30 vezes e era considerado como uma das pessoas mais experientes e bem informadas sobre a embarcação. Em 1987 fez parte de uma das primeiras expedições para visitar o Titanic, pouco tempo depois de ter sido descoberta a sua localização.
Agora, a sua família acusa a OceanGate Expeditions de "homicídio por negligência" e de ter ocultado, de forma intencional, detalhes sobre falhas e problemas no submarino.
“A implosão catastrófica que tirou a vida de Nargeolet deveu-se diretamente a um persistente descuido, imprudência e negligência por parte da OceanGate Expeditions " , lê-se no documento referente ao processo judicial.
Tripulação tentou abortar expedição e regressar à superfície
De acordo com o documento, foram "libertados pesos" do submarino que indicam que a tripulação sabia que algo de errado estava a acontecer. No entanto, o "alerta" só foi dado 90 minutos após o início da expedição quando o Titan já se encontrava a 3500 metros de profundidade.
Pouco tempo depois, o submarino perdeu contacto com a equipa que estava na superfície e terá continuado a descer após uma falha no mecanismo de segurança.
“Embora a causa exata da falha nunca venha a ser determinada, os especialistas concordam que a tripulação do Titan teria percebido exatamente o que estava se estava a passar”, afirma o processo.
“O senso comum dita que a tripulação estava bem ciente de que iria morrer, antes de morrer", acrescenta.
Especialistas defendem que a tripulação passou por momentos de "terror e angústia psicológica" antes da implosão, estando conscientes da irreversibilidade da situação.
Avisos recorrentes alertavam para a insegurança do Titan
O processo alega também que a OceanGate Expeditions e o seu fundador Richard Stockton Rush, que também morreu a bordo do Titan, foram avisados múltiplas vezes por especialistas das consequências potencialmente fatais da expedição.
"[ Richard Stockton] RUSH ocultou perigos dos quais estava ciente, fornecendo especificamente apenas certas informações para a tripulação e para o público em geral. A m orte do falecido [ Paul-Henri] Nargeolet foi um acontecimento trágico mas eminentemente evitável."
O sistema eletrónico do submarino também voltou a ser duramente criticado. O aparelho era operado através de um comando, semelhante aos utilizados em consolas como PlayStation ou Xbox, com ligação Bluetooth.
Citado pela Associated Press, Tony Buzbee, um dos advogados do caso, disse que um dos objetivos do processo é "obter respostas para a família sobre como aconteceu [a tragédia], quem estava envolvido e como os envolvidos puderam permitir que tal acontecesse".