O julgamento do caso da francesa violada por dezenas de homens a mando do marido foi suspeito, até segunda-feira, devido à ausência do principal arguido, Dominique Pelicot, dispensado por doença.

Mas há mesmo a possibilidade de o julgamento ser suspenso definitivamente. A hipótese foi admitida pelo juiz, Roger Arata.

"Se [Dominique] Pelicot estiver aqui [na segunda-feira] nós continuamos. Se ele não estiver cá durante um, dois ou três dias, prolongamos a suspensão", afirmou o juiz.

O juiz confirmou ainda que o arguido foi observado por um médico e poderá mesmo ter de ser hospitalizado. O anúncio gerou confusão entre os advogados de defesa e da procuradoria.

Se o processo for adiado, "tudo tem de ser reorganizado: a ordem de trabalhos, a disponibilidade da sala de audiências, a sala de audiências, etc.", afirmou a advogada de Dominique Pelicot, Béatrice Zavarro.

"E o que acontece com os detidos? Porque, nessa altura, posso presumir que haverá pedidos de libertação", adiantou.

O caso que está a chocar França (e o mundo)

Dominique, o marido de Gisèle, está a ser julgado por ter drogado a mulher com ansiolíticos durante dez anos, desde julho de 2011 a outubro de 2020, antes de a violar e de recrutar dezenas de homens na internet para a violarem.

Além dele, 50 homens, com idades entre os 26 e os 74 anos, estão a ser julgados em Avignon, a maior parte deles acusados de violação agravada, o que pode levar a uma pena de prisão de até 20 anos.

Dezoito dos acusados, entre os quais Dominique Pelicot, encontram-se em prisão preventiva. Outros trinta e dois homens são acusados em liberdade, sendo o último arguido dado como fugitivo, julgado à revelia.

Gisèle, de 71 anos, quis um julgamento de portas abertas e é vista como um símbolo da luta contra a violência sexual.

O caso deu origem a um apelo para diversas manifestações de apoio às vítimas no próximo sábado por toda a França.

Com LUSA