Um texto "muito interessante e premiado" de um autor contemporâneo "que se mantém atual", precisou Hugo Franco sobre a peça escrita em 2001 pelo dramaturgo nascido em Sevilha, em 1962.
A ação do espetáculo gira em torno de três mulheres -- Juani, Toni e Paqui - que trabalham num supermercado, em Sevilha, na Rua do Inferno, que atravessa a feira da capital da comunidade andaluza.
As relações "entre elas, as amizades que têm, o marido de uma delas, a possibilidade de as três estarem todas envolvidas com o mesmo homem e as circunstâncias que daí advêm" constituem a trama da peça, observou Hugo Franco.
Depois de ter visto "A Rua do Inferno" "há vinte e tal anos, por aí", numa edição do Festival de Teatro de Almada, Hugo Franco decidiu pô-la agora em cena "de uma forma diferente", por abordar as relações entre as pessoas "com alguma verdade que, às vezes, é forte".
O ponto alto da trama passa-se numa estrutura de diversões ao fundo da Rua do Inferno, onde a protagonista da peça está disposta a cometer uma loucura depois de saber que o marido a traiu com as duas melhores amigas, indicou.
"A Rua do Inferno" foi representada em 2003 pela companhia andaluza Valiente Plan no Teatro Maria Matos, em Lisboa, durante a edição do Festival de Almada.
Em meados de julho desse ano, e aproveitando a vinda da peça ao Teatro Maria Matos, os Artistas Unidos realizaram um fim-de-semana de leituras de peças de Antonio Onetti, no Teatro Municipal de Almada, atual Teatro Municipal Joaquim Benite.
"A Rua do Inferno", com tradução de António Gonçalves, "Marcado pelo Tipex", "Santíssima Apunhalada" e "Puro-Sangue", traduzidas por Joana Frazão, Clara Riso e Jaime Rocha, respetivamente, são quatro peças de Antonio Onetti editadas pelos Artistas Unidos e publicadas no volume 2 da coleção Livrinhos do Teatro.
Na encenação de Hugo Franco, o clímax da peça é tratado como "um sonho, ou uma espécie de coma" de Juani, disse.
"O que nós discutimos acerca disso foi que tudo o que se passa nesta peça é vivido na cabeça dela [Juani], não é concreto", daí que "o universo e o ambiente" criado para o espetáculo também seja "pouco concreto", referiu.
O que se passa é "talvez como um coma, um coma dela [Juani]" numa "comédia profunda sobre as relações humanas", onde nem tudo é evidente, concluiu o encenador.
"A Rua do Inferno" vai estar em cena na sala nova do Teatro da Comuna até 15 de dezembro, com sessões à quarta e quinta-feira, às 19:00, à sexta-feira e ao sábado, às 21:00, e, ao domingo, às 16:00.
A interpretação é de Maria Ana Filipe, Sílvia Figueiredo e Susana Blazer.
O desenho de luz é de Paulo Graça, a cenografia de Renato Godinho e o apoio ao movimento de Sofia Abraços.
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