Milhares de sul-coreanos continuaram este sábado a manifestar-se nas ruas de Seul, num contexto político cada vez mais caótico, um dia depois de uma tentativa infrutífera de deter o Presidente deposto Yoon Suk-yeol.
Yoon foi acusado de rebelião por ter tentado impor a lei marcial no início de dezembro, revogada seis horas depois pelo parlamento, que aprovou a sua destituição em 14 de dezembro.
Críticos e apoiantes reuniram-se em avenidas da capital e em frente à casa de Yoon, alguns exigindo a sua prisão e outros apelando à anulação da destituição pela Assembleia Nacional.
Um dos apoiantes do presidente deposto disse que se Yoon for substituído pelo líder da oposição, Lee Jae-myung, o país pode ser ameaçado "de absorção pela Coreia do Norte".
"Não posso deixar que isso aconteça", acrescentou Jang Youn-hoon, 30 anos, em declarações à agência francesa AFP.
No lado oposto, a maior confederação sindical da Coreia do Sul (KCTU) iniciou uma marcha em direção à residência de Yoon, mas foi bloqueada pela polícia, que informou que duas pessoas foram detidos e várias ficaram feridas.
Os soldados e os serviços de segurança bloquearam na sexta-feira os investigadores que se tinham deslocado a casa de Yoon para o deter.
Tensão começou há um mês
Suspenso de funções e confinado ao domicílio, Suk-yeol Yoon é acusado de ter abalado a jovem democracia sul-coreana na noite de 3 para 4 de dezembro, ao proclamar de surpresa a lei marcial, um golpe de força que reavivou as memórias dolorosas da ditadura militar.
Num parlamento rodeado de soldados, um número suficiente de deputados conseguiu reunir-se para votar uma moção que exigia o levantamento do estado de emergência.
Pressionado pela Assembleia Nacional, por milhares de manifestantes e limitado pela Constituição, Yoon viu-se obrigado a revogar a lei marcial poucas horas depois de a ter declarado.
Suk-yeol Yoon é alvo de várias investigações, incluindo uma por rebelião, um crime teoricamente punível com a morte.
A agência anticorrupção, que investiga o caso, tem até segunda-feira para executar o mandado de captura emitido pelos tribunais para obrigar Yoon a depor sobre a tentativa de impor a lei marcial.
A emissão do mandado de captura foi já uma estreia para um Presidente sul-coreano em funções.
O Tribunal Constitucional fixou o dia 14 de janeiro como data de abertura do processo de destituição de Yoon Suk-yeol, que prosseguirá mesmo sem a sua presença. O tribunal deverá pronunciar-se até meados de junho.
Com LUSA