O presidente demissionário da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, no Porto, Tiago Mayan, que renunciou ao cargo após assumir ter falsificado assinaturas, garantiu, este domingo, que nunca se apropriou de quaisquer fundos.
"Os acontecimentos que conduziram à minha demissão não serviram de modo algum para meu benefício pessoal. Quero deixar bem claro que nunca, de forma alguma, me apropriei de quaisquer fundos e que o meu objetivo sempre foi permitir que as associações beneficiárias destes fundos não ficassem prejudicadas por quaisquer falhas procedimentais, bem como assegurar a prossecução dos seus projetos em serviço da população e do interesse público", afirmou Tiago Mayan numa carta escrita enviada à Lusa.
Na quinta-feira, Tiago Mayan demitiu-se do cargo de presidente da junta, alegando falta de "condições pessoais para continuar a exercer" o cargo e assumindo que o motivo era da sua "inteira responsabilidade".
Em causa está a assunção por Tiago Mayan da falsificação de assinaturas do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, numa ata datada de 16 de setembro, elaborada e falsificada pelo ex-candidato presidencial apoiado pela IL, segundo uma outra ata de uma reunião entre o júri e o executivo da junta, na quarta-feira.
"O ato que pratiquei foi da minha inteira e exclusiva responsabilidade, não envolvendo, de forma alguma, nenhum outro interveniente, sendo por todos desconhecido", vincou.
O liberal, que nesta sequência desistiu de disputar a liderança da IL com Rui Rocha na convenção eletiva que está prevista para o início de 2025, assumiu ter sido um ato "manifestamente irrefletido e censurável" do qual se arrepende "profundamente".
No entanto, assegurou que o seu ato "não alterou em nada" o conteúdo da decisão do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo, visando apenas justificar a dispensa de um prazo de audiência prévia que, apesar de imposto por lei, em nada havia alterado as decisões em edições anteriores do fundo.
"A todos devo as minhas sinceras desculpas"
Na missiva, o ex-candidato presidencial apoiado pela IL reconheceu que não teve o "mínimo discernimento e a consideração devida" pelo modo como poderiam ser afetados, de forma direta ou indireta, os membros do júri, colegas de executivo, funcionários da junta, serviços municipais ou outras pessoas e entidades.
E acrescentou: "A todos devo as minhas sinceras desculpas. A falha é minha, não deles".
Tiago Mayan referiu que nos próximos tempos irá afastar-se de qualquer participação ativa, mantendo-se como cidadão e como membro de base no partido.
"Lamento profundamente o sucedido", concluiu.
O líder da IL, Rui Rocha, revelou na sexta-feira que foi aberto um processo disciplinar a Tiago Mayan Gonçalves, que poderá culminar na sua expulsão do partido, repudiando a falsificação de assinaturas assumida pelo ex-candidato presidencial.
Tiago Mayan foi eleito, em setembro de 2021, presidente da junta com 36,92% dos votos, pelo movimento independente "Rui Moreira: Aqui Há Porto", apoiado pela IL, CDS, Nós Cidadãos e MAIS.